Acompanhamos muitas das considerações e propostas que o relatório avança, sobre a promiscuidade entre os comissários e o poder económico e seus representantes, sobre as deficiências do Código de Conduta e da necessidade de maior transparência nas relações entre as partes envolvidas. Registamos que esta iniciativa é uma reacção aos “escândalos” das chamadas “portas giratórias”, em que numerosos ex-membros da Comissão estão envolvidos.
Mas reconhecemos, igualmente, as limitações deste relatório porquanto muito mais abrangente e incisiva deveria ser a resposta necessária aos problemas que o próprio relatório aponta. É pernicioso, que seja ao próprio órgão, a Comissão, um órgão de nomeação política não eleito, que se deixe a revisão do seu próprio Código de Conduta. Por outro lado, são os próprios Tratados um espartilho que impõe, define e cria condições de promiscuidade com o poder político, pelos intermediários dos “lobbies” e representantes do capital monopolista, que condicionam e ditam os sentidos legislativos da UE.
Ou seja, é a própria matriz da UE e o processo de integração que representa que determina esta realidade, que não será alterada por qualquer Código de Conduta.