Declaração de voto de João Ferreira no Parlamento Europeu

Sobre a construção de uma estratégia industrial ambiciosa da UE como prioridade estratégica para o crescimento, o emprego e a inovação na Europa

Quanto a mais esta “ambiciosa” resolução, nada de novo. Mantém-se a defesa do paradigma da “competitividade”, ou seja, da exploração. O mesmo que conduziu à diminuição do “contributo da indústria transformadora europeia para o PIB da UE” que “diminuiu de 19% para menos de 15,5% nos últimos 20 anos” a par da diminuição do “seu contributo para o emprego e o investimento em Investigação e Desenvolvimento” que “tem vindo a diminuir desde essa altura”. Sendo esta a evolução geral, ela é ainda muito mais negativa nos países da periferia da Zona Euro, como Portugal.
A resolução inscreve-se no quadro do Mercado Único, da Agenda Digital e da União da Energia. Instrumentos concebidos para favorecer os interesses dos grandes grupos económicos e financeiros e das multinacionais. Os mesmos que, movidos pelos seus interesses de acumulação e exploração, deslocalizam unidades industriais para países terceiros, e reduzem salários, atacam os direitos dos trabalhadores e atiram para o desemprego milhares de homens e mulheres.
Muito se fala da re-industrialização, sem se retirarem as devidas lições da desindustrialização. As suas causas são, nos países da periferia, indissociáveis do mercado único, das políticas comuns e da União Económica e Monetária e do Euro.
Esta resolução, uma vez mais, cai nesse erro clamoroso.

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