A subida brutal dos preços da electricidade, que está a colocar uma enorme pressão sobre muitas famílias e sobre as micro, pequenas e médias empresas, é indissociável de opções tomadas pela UE: da liberalização e privatização do sector; da manutenção de mercados oligopolistas nos quais os preços são cartelizados e onde as metodologias adoptadas garantem lucros astronómicos; e, mais recentemente, da criação e funcionamento de um mercado do carbono que tem produtos derivados a serem transaccionados em bolsa de forma especulativa.

É necessário aumentar a transparência dos mercados, garantir que os preços nos consumidores reflectem os custos na produção e não os lucros colossais permitidos aos grupos económicos do sector. É necessário, sobretudo, por imperativos de natureza social, ambiental e económica, recuperar a propriedade, gestão e controlo públicos do sector energético.

É necessário abandonar as ditas soluções de mercado, na abordagem às alterações climáticas, comprovadamente perversas e ineficazes, do ponto de vista dos proclamados objectivos ambientais, como é o caso do comércio de emissões, que a conferência de Glasgow voltou lamentavelmente a caucionar.