Pergunta ao Governo N.º 1514/XII/3.ª

Sobre o adiamento da prestação de cuidados de saúde no C.H.U. de Coimbra

Sobre o adiamento da prestação de cuidados de saúde no C.H.U. de Coimbra

O Ministro da Saúde confrontado na Comissão de Saúde, no passado dia 26 de março, com a situação de um utente que viu a realização da sua ablação cardíaca adiada por falta de material clínico específico para a efetuar (tal como questionado pelo Grupo Parlamentar do PCP através da Pergunta nº 1361/XII/3ª), em primeiro lugar procurou ridicularizar a situação exposta pelo utente tendo-se socorrido das dimensões deste centro hospitalar e em segundo lugar afirmou que ao fim de 48 horas a questão tinha sido resolvida.
Esta afirmação do ministro não corresponde à verdade. Tivemos conhecimento que o utente em causa continua a aguardar pela realização da ablação cardíaca e que após ter efetuado o telefonema em março para o Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), nunca foi
contactado para marcar nova data da cirurgia. O Ministro da Saúde mentiu na Comissão de Saúde.
Em novembro de 2013, na sequência de uma fibrilhação cardíaca, o utente teve indicação clínica para fazer uma ablação cardíaca num prazo de cinco meses. A angústia cresce junto do utnte e na sua família, porque os cincos meses terminam no final de abril, e ainda não tem
nenhuma informação quando poderá fazer essa intervenção de que tanto necessita.
Soubemos que há muitos utentes na mesma situação. Entretanto a situação agravou-se porque o médico habilitado para fazer estas intervenções foi contratado por um hospital em Inglaterra e já saiu de Coimbra. Até se encontrar um novo médico, o CHUC não consegue realizar as ablações cardíacas, penalizando os utentes, que aguardam por esta intervenção.
O Governo insiste em escamotear as consequências concretas das suas políticas na área da saúde. A verdade é que os cortes orçamentais e a obsessão cega pela redução da despesa, associado à aplicação da lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso está a impedir o
acesso à saúde. Adiam-se cirurgias, tratamentos e a realização de exames.
Ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que por intermédio do Ministério da Saúde, nos sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1.Atendendo a que o utente aguarda contacto do CHUC, porque mentiu o Governo na comissão de saúde e não reconheceu a realidade concreta?
2.Como justifica que o utente continue à espera de marcação da data para realizar a ablação cardíaca?
3.É este o entendimento de sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, em que as falhas de material clínico são constantes nos hospitais, assim como o adiamento da prestação de cuidados de saúde, nomeadamente de cirurgias, tratamento e a realização de exames?
4.Que medidas vai tomar para solucionar a falta de profissionais de saúde para a realização das ablações cardíacas?

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