Segundo o sítio internet da Fitor, a empresa “iniciou [as] suas atividades em 1964” sendo “uma das maiores empresas na Europa nas áreas de texturização e tingimento, tanto de Poliamida (PA 6.6 e PA 6) como de Poliéster (PES)”.
A empresa afirma-se como “uma das empresas pioneiras na área das fibras sintéticas assim como no tingimento da Poliamida e na criação e desenvolvimento de misturas inovadoras de fibras texturizadas, bem como no investimento no desenvolvimento de soluções personalizadas
nas mais diversas áreas do ramo têxtil, incluindo acabamentos como: antibacterianos, anti-UV, neutralizador de odor, retardante de chama, hidrofilidade, alta resistência à lavagem, proteção da água salgada, fluorescentes, fibras com aromas (aloe vera, lavanda, limão, ginseng, etc)
sensação de frescura e calor, cuidados de saúde, etc”.
Nesta unidade, a empresa “desfruta de uma capacidade total de 200 toneladas/mês e tem mais de 9000 cores reproduzidas”.
Ainda segundo o mesmo sítio da internet, “a produção de fibras de Poliamida e de Poliéster encontrase certificada de acordo com as normas da Oeko - Tex Standard 100 classe 1, que garantem que a FITOR cumpre os critérios mais rigorosos em matéria de ecologia humana e de
responsabilidade social”.
Apesar disto, e da Fitor estar integrada num grande grupo multinacional de origem alemã, o Daun & CIE, com sede em Rastede, na Alemanha, com milhares de trabalhadores em vários países (Portugal, República Checa, China, EUA, Índia, Uzbequistão, e muitos outros) e com um volume de negócios que em 2010 ascenderia aos 578.000.000€, a empresa anunciou aos seus trabalhadores a intenção de os despedir, procedendo ao encerramento da empresa, depois de há poucos meses ter procedido ao despedimento de cerca de 50 trabalhadores.
Estranhamente, ou talvez não, a Fitor prepara-se para manter em Avidos uma subsidiária, a Fitor-Distribuição, cujo objeto é a comercialização de fios e outras fibras, que até agora eram produzidas em Portugal e que passam a ser produzidas na Alemanha.
A justificação velha é a da produtivdade, fazendo pagar aos trabalhadores erros na gestão da Fitor ou atrasos na modernização da empresa.
Tais situações continuam a encontrar apoio na ação de um Governo que está submisso e ao serviço do grande capital, que reduz os direitos de quem trabalha e destrói a produção nacional.
No caso da Fitor, a política de exploração e empobrecimento do povo português pela Troika nacional, a mando da Troika estrangeira e das grandes potências da União Europeia, com a Alemanha à cabeça, dá-se pela transferência direta de produção do nosso país para este último.
O encerramento desta empresa, a confirmar-se, representa mais um golpe numa região já bastante martirizada pelo flagelo do desemprego, e, para cada um dos trabalhadores, significará reduções significativas dos seus já magros rendimentos (note-se que estamos a falar de um
sector que, por regra, pratica salários pouco acima do Salário Mínimo Nacional, tendo as Associações patronais bloqueado as negociações do Contrato Coletivo de Trabalho), pelos brutais cortes que o Governo PSD/CDS tem vindo a fazer aso subsídios de desemprego.
Assim, ao abrigo das disposições legais e regimentais em vigor, solicito ao Governo, através do Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, que nos preste os seguintes esclarecimentos:
1- Que conhecimento tem o Governo desta situação?
2- Que ações inspetivas foram realizadas pelas estruturas descentralizadas do Ministério do Emprego, designadamente a ACT a esta empresa? Qual o resultado da atividade inspetiva?
3- Que apoios nacionais ou comunitários, recebeu a FITOR nos últimos 10 anos?
4- Que medidas vai tomar o Governo para defender os postos de trabalho, os direitos destes trabalhadores e a produção nacional?
Pergunta ao Governo N.º 110/XII/3
Situação Social na FITOR - Companhia Portuguesa de Têxteis, com instalações em Avidos, Vila Nova de Famalicão
