Declaração de voto de Inês Zuber no Parlamento Europeu

Situação na Nigéria

Aqui está mais um exemplo duma abordagem totalmente diferenciada tratando-se de países com um poder político amigo ou "alinhado" com os interesses do grande capital das potências da UE e uma outra, arrogante e abertamente ingerencista, quando se trata de países que não se submetem aos seus ditames.

A linguagem utilizada nesta resolução é propositadamente branda perante uma situação gravíssima, procurando centrar a atenção sobre o que é uma consequência - o reforço das organizações terroristas - para não tocar no que constitui o elemento gerador de todo o problema: a exploração desenfreada dos recursos naturais do país, nomeadamente petróleo e gás natural, a corrupção e violência estimulada pelas grandes multinacionais petrolíferas e a pobreza massiva. Não chega pedir às empresas petrolíferas para que "contribuam" e aumentem a responsabilidade, quando se trata de empresas que têm cometido os maiores crimes contra o povo nigeriano e provocado danos ambientais irreparáveis. No Delta do Níger foram cometidos crimes ambientais de lesa humanidade, deixando sem qualquer fonte de rendimento as comunidades piscatórias. Não deixa de ser paradigmático que o governo de um dos maiores produtores africanos de petróleo, a Nigéria, tenha suspendido as subvenções aos combustíveis. Compreendemos esta hipocrisia quando constatamos que a UE é dependente da importação de hidrocarbonetos e que 20% do petróleo da Nigéria é exportado para a UE.

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