A realidade demonstra o resultado das políticas da governação económica de uma União Europeia a dois tempos. Enquanto uns garantem regimes de excepção, inaceitáveis chantagens são impostas a países como Portugal.
As receitas da Comissão, os ataques às soberanias dos Estados, a insistência nas reformas estruturais, as políticas de austeridade, os autênticos pactos de agressão nos países intervencionados pela troika, impuseram de forma generalizada a subida dos níveis de pobreza (125 milhões na UE-28), o aumento das desigualdades, a desvalorização de salários, o desemprego e a precariedade, o ataque aos direitos dos trabalhadores, a destruição e privatização de serviços públicos, nomeadamente nas áreas da saúde e da educação.
Os dados confirmam um cenário de ausência de crescimento significativo e redução do consumo, sem a necessária e substantiva criação de emprego.
Até quando insistirá a comissão nas mesmas políticas, na imposição das recomendações específicas por país que para lá de inaceitáveis e antidemocráticas, a prática demonstra que são irreais na sua execução? Em países como Portugal impuseram o cumprimento das metas do défice estabelecidas pela troika medidas ditas permanentes de "consolidação orçamental". A dívida pública inflacionou absorvendo a dívida privada, deixando estes países à mercê da agiotagem dos credores com dívidas impagáveis, e milhares de milhões de euros de juros anuais, que asfixiam quaisquer políticas de desenvolvimento.
A comissão está disponível para propor medidas que permitam renegociar as dívidas soberanas nos seus prazos montantes e juros?