Este é um relatório muito desequilibrado, apesar de algumas mudanças
positivas relativamente a relatórios anteriores, designadamente quando
admite a inevitabilidade no horizonte do esgotamento dos recursos
energéticos fósseis, embora sem falar do pico petrolífero, e quando
assume os malefícios ambientais e sociais associados aos
agro-combustíveis, que ainda recentemente eram endeusados.
Mas, depois, esquece a necessidade de outra definição das prioridades
da política energética, que aposte na diminuição dos custos para o
consumidor, na racionalização dos consumos visando a sua redução (e não
apenas na eficiência energética), nos transportes públicos menos
poluentes, numa verdadeira política pública no interesse das
populações.
Quando fala da ideia de instaurar uma política europeia comum para as
energias, o que está é a tentar procurar formas de dar maior apoio aos
grupos económicos privados existentes no sector, passando por cima do
direito soberano de cada Estado-Membro à definição das suas políticas
energéticas.
Também esquece a análise dos biocombustíveis gasosos não aflorando a
necessidade de promover a investigação e o desenvolvimento do biometano
nem referindo o Programa Target 2020. É que o seu objectivo central é
garantir cada vez maiores lucros, designadamente utilizando o mercado
de transacções de direitos a emitir os chamados gases com efeito de
estufa.