Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

Ronda de Doha - negociações em curso

A crise de rentabilidade do capital, o seu inaudito grau de centralização e de concentração e a associada baixa tendencial da taxa de lucro, correspondem a dinâmicas próprias de desenvolvimento do capitalismo, há muito estudadas e descritas.

O livre comércio constituiu, nas últimas duas décadas, um dos pilares da resposta neoliberal à crise sistémica do capitalismo. Uma resposta à medida dos interesses dos grandes grupos económicos das grandes potências, procurando garantir-lhes: o acesso a novos mercados, maior disponibilidade de mão-de-obra, uma redução dos custos unitários do trabalho, o acesso facilitado a matérias-primas. Ou seja, melhores condições para explorar os trabalhadores e a natureza.

Tal significou e significa mais lucros para estes grandes grupos económicos. Sem dúvida. Mas para os trabalhadores e os povos, as prometidas maravilhas do livre comércio, apregoadas pelos seus arautos, nunca se materializam.

Bem ao contrário, o que enfrentam é a destruição e deslocalização de actividades produtivas e de postos de trabalho, o ataque a direitos sociais e laborais, a ruína de milhões de pequenos produtores e de muitas pequenas e médias empresas. Mas também a degradação do ambiente e dos recursos naturais.

É este o caminho de Doha. Um caminho que urge inflectir, no interesse dos trabalhadores e dos povos da Europa e do mundo.

O comércio internacional deve ser baseado em relações de complementaridade e não na competição, entre países, produtores e força de trabalho; deve ser orientado para o estabelecimento de relações económicas justas e equitativas, mutuamente vantajosas, ao serviço do desenvolvimento dos povos e dos países e não apenas de alguns grupos económicos e financeiros.

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