O já presente debate sobre as presidenciais norte-americanas motivou uma revisita a um clássico dos estudos sobre televisão e política, o Amusing Ourselves To Death de Neil Postman.

Reflectindo essencialmente sobre os dados que a ligação reaganismo e televisão introduzira na política e sociedade americanas, Postman produziu uma análise e, sobretudo, um sistemático levantamento de fenómenos e problemas, que mantêm inteira actualidade, nomeadamente o processo como progressivamente a televisão generalizou a substituição comunicacional da informação pelo entretenimento.

Postman recupera esclarecedoramente as teses sobre a fragmentação da comunicação televisiva e as suas consequências na própria metodologia de apreensão de conhecimentos pelo telespectador, mas é particularmente interessante o que avança quanto ao processo alienatório e bloqueador que o anedótico televisivo introduz no relacionamento com a vida e a realidade.

«Ao fim e ao cabo, escreve recordando Huxley, tentou ele dizer-nos que o que afecta as pessoas no Admirável Mundo Novo não é que riam em vez de pensar, mas sim não saberem de que é que estão a rir e porque é que deixaram de pensar.»