Pergunta ao Governo N.º 485/XII/1

Reposição de emissões em onda curta

Reposição de emissões em onda curta

No passado mês de Junho, ainda na vigência do anterior governo, foram suspensas as emissões da RDP Internacional em onda curta. A suspensão deste serviço fez com que os ouvintes da RDP internacional que não têm acesso a satélite ou a internet fiquem privados do acesso às emissões nacionais. Este meio de difusão podia chegar onde tecnologias mais recentes não chegam.
A suspensão do serviço, previa, segundo se disse à altura, a avaliação para posteriormente ser
tomada uma decisão final.
São muitos os ouvintes que têm feito chegar o seu protesto ao provedor do ouvinte da RTP.
Para muito deles as emissões de onda curta eram o único contacto que mantinham com o seu país de origem. Entre estes encontra-se emigrantes, trabalhadores do transporte marítimo ou rodoviário internacional, entre outros.
O Secretário de Estado, à altura deputado desta Assembleia da República, classificou esta decisão de um “nível de gravidade elevada”. Referia, ainda, esperar ser possível sensibilizar os responsáveis para reverter a situação.
No passado dia 25 de Agosto, após a visita que realizámos ao Centro Emissor de Onda Curta da RDP, tivemos oportunidade de questionar o Sr. Ministro e o Sr. Secretário de Estado das Comunidades sobre este assunto, mas obtivemos apenas a reafirmação das convicções pessoais do Sr. Secretário de Estado.
O Conselho das Comunidades Portuguesas, através da Comissão Permanente do Associativismo e Comunicação Social, já se dirigiu também ao governo e ao Sr. Secretário de Estado apelando para que esta decisão não se torne uma “suspensão definitiva”. A verdade, no entanto, é que quer a Administração da RTP quer o próprio Ministro da tutela Miguel Relvas, questionados nas audições promovidas pelo PCP na Comissão Parlamentar de Ética, deram claramente a indicação de que “esta decisão é para manter”.
Trata-se de uma situação vergonhosa para o país, quando se sabe que numerosas estações de rádio continuarão a emitir programas em língua portuguesa através da onda curta, por exemplo para África e América do Sul, desde a alemã Deustchwelle até à sul-africana Rádio África, desde a Voz da América até à Rádio Havana – Cuba.
Posto isto, e com base nos termos regimentais aplicáveis, vimos por este meio e com carácter de urgência, perguntar ao Governo, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, o seguinte:

1. Como explica o governo que, quando tantos países mantêm as emissões de rádio por onda curta em língua portuguesa, a onda curta seja classificada sumariamente como “obsoleta”, e como tal abandonada desta forma, esquecendo os nossos compatriotas espalhados pelo mundo e ignorando o seu apelo através do CCP?
2. Tenciona o Secretário de Estados das Comunidades Portuguesas assumir o seu papel e intervir, activa e consequentemente, neste processo, ou irá assistir passivamente ao abandono definitivo das emissões de onda curta, expressando apenas palavras que não correspondem à prática e aos actos de governo?

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