A chamada “União Europeia da Energia” é um projecto feito à medida dos grandes monopólios europeus do sector, não sendo certamente desproporcionado afirmar que documentos como este relatório constituem, no fundo, o seu caderno de encargos. Liberaliza-se e privatiza-se o sector energético nos vários Estados-Membros para em seguida se vir dizer que a energia deve ser acessível a todos e que a pobreza energética deve ser combatida. Haverá maior contradição?
A liberalização deste sector, no quadro do mercado único, serviu a constituição de monopólios privados transnacionais que colonizam mercados acumulando prodigiosos lucros, enquanto os preços energéticos para o consumidor e para as micro, pequenas e médias empresas atingem valores incomportáveis. Cresce a disparidade existente no acesso e nos preços da energia.
Só um sector energético público, na propriedade e gestão, poderá garantir preços da energia acessíveis às populações e a manutenção da soberania na definição das estratégias energéticas nacionais.
A resposta adequada à melhoria da eficiência energética, a diversificação de fontes, a progressão ao nível das renováveis, o combate à pobreza energética, entre outros desafios, exige o planeamento e controlo público, democrático, do sector energético, da produção e da distribuição de energia.
Algo que este relatório não pode nem quer reflectir. Pelo contrário. Votámos contra.