O resultado das negociações entre Parlamento, Conselho e Comissão, se alguma coisa trouxe de novo relativamente à proposta de reforma anteriormente votada, foi para pior.
Persiste (e acentua-se face à proposta anterior do Parlamento) uma desigualdade escandalosa na distribuição dos pagamentos directos aos agricultores entre países, explorações e produtores. Portugal, no final de 2020, receberá ainda um pagamento médio por hectare significativamente inferior à média europeia.
Esta desigualdade terá efeitos tanto mais graves quanto, ao contrário do que sucedia no passado, são desmantelados os instrumentos de regulação da produção e dos mercados que ainda existiam no passado, nomeadamente as quotas de produção, e que garantiam a cada país o direito a produzir. É este direito que está em causa, de forma ainda mais nítida, com esta reforma.
Foi recusada a inclusão, que propusemos, de um plafonamento e modulação significativos dos montantes milionários que são atribuídos a grandes proprietários (sem que sejam obrigados sequer a produzir). Tal permitiria uma redistribuição dos montantes pelas pequenas explorações, equilibrando minimamente a distribuição dos pagamentos directos entre produtores.
Reconhecendo a falta de legitimação da PAC aos olhos dos agricultores e da população em geral, esta reforma procurou contrariá-la e alcançar essa legitimação. Mantém porém, e nalguns casos agrava, todos os vícios da actual PAC.