Pergunta ao Governo N.º 1290/XII/1

Redução dos Salários dos Trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

Redução dos Salários dos Trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã, Distrito de Castelo Branco

A Santa Casa da Misericórdia da Covilhã (SCMC) tem 130 trabalhadores, que garantem o
funcionamento de dois infantários, um lar de idosos e um centro de meios de diagnóstico de
saúde. Devido a dificuldades financeiras, a SCMC pretende reduzir 10% dos salários dos
trabalhadores e cortar o subsídio de férias e de natal durante 26 meses, admitindo ainda um
corte superior a 10% para os salários mais elevados.
É inaceitável o corte nos salários dos trabalhadores, na sua maioria muito próximos do salário
mínimo nacional e sob a ameaça de despedimento de 30 a 40 trabalhadores, se os
trabalhadores não aceitarem a “doação” de parte do salário à SCMC, como designou a
administração. É de sublinhar que os trabalhadores não tiveram nenhuma responsabilidade na
situação em que se encontra a instituição e que segundo o Sindicato dos Trabalhadores da
Função Pública Sul e Açores “já estão involuntariamente a doar à Santa Casa, uma vez que as
tabelas salariais não são actualizadas desde 1 de Janeiro de 2010”
O Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública Sul e Açores reuniu com os trabalhadores da
SCMC a 22 de Novembro. Entendem que “devem ser equacionadas alternativas que poderão
passar pela negociação para a redução do preço dos combustíveis, da energia, da água e das
comunicações, bem como a renegociação das dívidas à banca quer nos prazos, quer nos
montantes quer ainda na taxa de juro e, a recuperação de dívidas do Estado à SCMC caso elas
existam”.
Importa referir que os sucessivos Governos têm transferido as suas competências para as IPSS,
ao nível dos equipamentos sociais para a infância e para os idosos, incentivando-os a assumir
mais responsabilidades, conduzindo-os à actual situação de ruptura financeira. Está em causa a
prestação do apoio social à população do Concelho da Covilhã, responsabilidade à qual o
Governo não pode demitir-se. Mas o Governo também não pode demitir-se de assegurar o
cumprimento dos direitos dos trabalhadores.
Ao abrigo das disposições legais e regimentais aplicáveis, solicitamos ao Governo que nos
sejam prestados os seguintes esclarecimentos:
1. O Governo tem conhecimento da situação em que se encontra a Santa Casa da Misericórdia
da Covilhã?
2. Reconhece que a actual situação da Santa Casa da Misericórdia da Covilhã pode colocar em
causa a prestação do actual apoio à infância e aos idosos do Concelho da Covilhã, tendo em
conta que se tratam de responsabilidades do Governo?
3. O Governo tem pagamentos em atraso à Santa Casa da Misericórdia da Covilhã? Em caso
afirmativo, qual o montante e quando pretende efectuar os pagamentos em atraso?
4. Que medidas vai o Governo tomar para assegurar o cumprimento dos direitos dos
trabalhadores, no que se refere à matéria salarial e à pressão e coacção exercida sobre os
trabalhadores para aceitarem o corte nas remunerações?

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