&quot;Maoísmos&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;<span class="titulo2"><span class="data">

5 de Abril de 2003José Manuel Fernandes entendeu escrever um útil esclarecimento à insinuação de que o apoio na comunicação social portuguesa à agressão americana no Iraque seria fruto de ex-maoístas se encontrarem nas direcções jornalísticas. O director do Público explica três coisas: primeiro, só há, garante, quatro ex-maoístas naquela situação; segundo, há muitos outros ex-maoístas noutros sítios importantes (como se a gente não soubesse, embora aqui o argumento possa ser ambíguo...); terceiro, essas figuras «tiveram passagens de juventude pelo maoísmo e afastaram-se bem cedo desse mundo». Contudo, mediante tais passagens, apesar de tão efémeras e juvenis, «conheceram por dentro o estalinismo», tão por dentro que o «repudiam visceralmente». Até seria de esperar que ficassem a conhecer alguma coisa de maoísmo, mas não: aprenderam foi estalinismo. Por dentro, e à custa das próprias vísceras. A interpretação a que JMF responde é de facto redutora e, de certa forma, mesmo injusta. Tendo embora adequado as vísceras a outras ideias e actos, a verdade é que há um postura que afincadamente quase todos mantêm desde os juvenis (e parece que indigestos) maoísmos: uma notória antipatia pelos comunistas em geral e pelo PCP em particular.