Com premonitório talento mas bem insuficiente substância, Manuel Falcão tenta n'O Independente antecipar uma pertinente e insolitamente pioneira observação de Miguel Sousa Tavares no Público.
A questão é a entrevista de Pedro Santana Lopes no Expresso. Que coloca, imagine-se, uma questão: quem é Pedro Santana Lopes?...
Não há na pergunta qualquer inquietação ontológica. Apenas uma perplexidade.
A crer nas torrenciais prosas sobre a entrevista - incluindo os afectuosos juízos de Pacheco Pereira ou Rebelo de Sousa - Santana Lopes é, por junto e atacado, candidato a candidato do PSD a candidato a Presidente da República.
Sucede, entretanto, que a mesma pessoa é presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma função que há décadas é razoavelmente apresentada como o terceiro mais importante ministério do País.
Ora, a avaliar pelo que se diz, o ser, o ter as responsabilidades e possibilidades do mais importante autarca nacional é, no caso, tão importante quanto o dr. Santana Lopes ser licenciado em Direito, ter a sua vida privada ou haver mudado o visual de vasta barba anos 60 para gel anos 90.
Não será sensato perguntar o que é que este candidato fez naquilo a que já se candidatou? Dava para ajuizar.