&quot;Brilho curricular&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

A nomeação do «legislador da tortura», Alberto Gonzalez, para o mais importante cargo judicial do Estado norte-americano deu origem no próprio Senado de Washington a reservas que as suas teorizações inteiramente justificam. Gonzalez foi o jurista responsável pela equipa que antes da agressão ao Iraque (e, como é óbvio, o antes é especialmente relevante) formulou as teorias da negação da Convenção de Genebra e da capacidade do Presidente autorizar a tortura de prisioneiros que conduziram directamente a Guantanamo, Abu Ghraib, Bagram. Esta semana trouxe para a primeira linha da Casa Branca outra inquietante personagem, John Negroponte, com novas responsabilidades na coordenação dos serviços de informação e espionagem. Três significativos pontos altos da carreira deste diplomata. Nos anos 70, então no Vietname, conseguiu a proeza de entrar em colisão com Kissinger – pela direita. Considerou que, nas negociações de Paris que abriram o caminho ao fim da guerra, os EUA haviam cedido demasiado! Na de 80, nas Honduras, foi o diplomata instrumental da transformação do país na placa de apoio aos «contras» na sua agressão à Nicarágua sandinista, o que incluiu polémicas cumplicidades com o fascizante Governo hondurenho da altura. Finalmente, na ONU, esteve no centro da invenção das «armas de destruição maciça» com que Colin Powell meteu os pés pelas mãos ao pretender justificar a agressão. Posto o que foi colocado como Embaixador e, Bagdad após a invasão. Interessante personagem.