&quot;As próximas eleições&quot;<br />Ilda Figueiredo no &quot;Semanário&quot;

O último fim de semana foi a rampa de lançamento das eleições para o Parlamento Europeu. Todas as forças políticas com representação parlamentar, de uma forma ou de outra, se empenharam em iniciativas visando a preparação das eleições do próximo dia 13 de Junho. O PCP realizou um importante Encontro Nacional onde se debateram com profundidade as políticas comunitárias, as suas implicações em Portugal e na vida quotidiana, as propostas alternativas, numa reafirmação da vontade de intervir, de forma decisiva, na batalha eleitoral que temos pela frente, que é essencial para a defesa da produção portuguesa, da identidade cultural e da soberania de Portugal, dos direitos de quem trabalha, de serviços públicos de qualidade, da participação democrática e popular na construção de uma Europa de paz, progresso e desenvolvimento. É conhecido que a intervenção dos dois deputados da CDU foi útil para o País e para os portugueses. Di-lo-ão, mesmo muitos que não concordam com as nossas opiniões sobre as políticas da União Europeia. E di-lo-ão, por que ninguém, honestamente, pode iludir a sua importância e a sua utilidade. Sempre que é necessário defender interesses portugueses, os deputados comunistas estão lá, com propostas concretas, alterações e fundamentações claras e objectivas, resultantes do nosso trabalho colectivo, das centenas de visitas, reuniões e debates em que participámos, de norte a sul de Portugal, dos Açores e da Madeira, com emigrantes, nos mais diversos sítios do mundo. Os diferentes sectores sabem que procuramos defender os interesses portugueses nas mais diversas áreas, com quem mantemos um diálogo permanente. A investigação científica, a língua e cultura portuguesas, os serviços públicos, os direitos das mulheres e das crianças, dos trabalhadores, dos reformados, das pessoas com deficiência e dos imigrantes tiveram sempre em nós propostas claras e firmes de defesa e promoção. São inúmeros os exemplos. Foi por proposta nossa que se realizou um debate sobre a indústria têxtil, os problemas que podem surgir com a liberalização do comércio internacional e o fim do Acordo dos Têxteis e Vestuário e se aprovou a proposta de criação de um programa comunitário para apoio à inovação, apoio às PME, à criação de marcas próprias e à sua comercialização internacional. É o nosso empenhamento que mantém a luta permanente contra as deslocalizações de multinacionais, pela defesa dos direitos dos trabalhadores e do desenvolvimento das zonas atingidas pelo flagelo do desemprego. Foi a nossa firmeza na luta pelos dos direitos de pesca no Continente e nas Regiões Autónomas, pelo apoio aos pescadores e pela manutenção da nossa soberania na ZEE que mantém na ordem do dia a revisão de medidas injustas de liberalização do acesso às águas e aos recursos pesqueiros, depois da brutal redução do esforço de pesca a que os pescadores portugueses estiveram sujeitos. Alguém poderá escamotear a nossa intervenção decisiva no aumento das verbas para os apoios a Portugal aquando da tragédia dos incêndios? Alguém poderá iludir as nossas iniciativas na defesa da indústria naval e na aprovação de apoios aos agricultores? Quem poderá negar o nosso empenhamento na luta contra o processo de liberalizações e de abertura dos mercados em diversos sectores, dos serviços postais, à energia e telecomunicações, dos serviços financeiros aos serviços portuários, conduzindo não só a um ataque feroz ao sector público, como pondo em causa o próprio serviço público? Foi decisivo o nosso contributo para a derrota da directiva dos serviços portuários que punha em causa o emprego e direitos dos trabalhadores. É conhecida a ampla campanha internacional de solidariedade com as mulheres acusadas da prática de aborto, a solidariedade com Timor-Leste, contra a guerra e a ocupação do Iraque e a firme defesa da cooperação com os países em desenvolvimento e os povos de todo o mundo, a que demos particular atenção através da Presidência da Comissão da Cooperação e Desenvolvimento. Igualmente continuarão presentes no nosso trabalho, a luta por um outro rumo para a União Europeia, pelo aprofundamento democrático, pelo emprego com direitos, pela concretização da coesão económica e social, contra a guerra e pela defesa da paz, por um comércio internacional justo e equitativo.

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