No debate mensal de Maio, Durão Barroso queria "adormecer" o país. Escolheu o tema "conhecimento e investigação", anunciando como novidades medidas divulgados quatro vezes nos últimos quatro meses…
Obviamente ninguém lhe ligou. Não porque o tema seja menor, mas porque a educação e a investigação em Portugal necessitam de bem mais do que mera propaganda.
O debate requentado foi quarta-feira, dia da final europeia do nosso contentamento, dia em que Barroso anulou uma viagem de Estado ao México para "atamancar" o calendário parlamentar e viajar, à tarde, para a Alemanha. No mesmo dia em que Sampaio ficava a cumprir a agenda de trabalho que tinha há muito estabelecido.
Percebe-se a ideia de Barroso. O dia estava preparado para que o PSD tentasse "cavalgar" os êxitos desportivos do Porto, à semelhança do que está a fazer com o cartaz eleitoral onde se mostra uma bancada cheia de adeptos da Selecção Nacional. Manobra tão inqualificável e oportunista que, estou seguro, vai levar à indignação dos próprios apoiantes da coligação PSD/CDS que, sendo (ainda bem) adeptos do Portugal desportivo, ficam incomodados com estas tropelias eleitorais.
Já não há nada que salve Barroso. Nem glórias desportivas que tenta fazer suas, nem o tom intimidatório com que acusa o PCP daquilo de que o seu Governo é o único responsável. Nem os golpes palacianos de substituição de ministros para satisfazer os apetites do congresso, nem a promoção desesperada da abstenção eleitoral em 13 de Junho.
Vale tudo para que não se discutam os novos caminhos para Portugal e a Europa em tempo também eleitoral.
A tudo se agarra Barroso. Só que as suas bóias de salvação estão cada vez mais esburacadas...