&quot;Ano Novo&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Ao dedicarmo-nos ao banal exercício de balanço do ano governativo, fica-se com a desagradável sensação de falta de consistência, de uma deriva errática e cinzenta.

A esmagadora maioria dos membros do Governo pura e simplesmente não existe.

É duvidoso que qualquer cidadão consiga identificar quatro ou cinco ministros e muito menos ter uma ideia do que fizeram ou tencionam fazer. Quando se tornam falados é quase sempre devido a erros tão lamentáveis que mais merecem a designação de disparates. Ou umas empenhocas com documentos falsificados para colocar a professora da família mais pertinho de casa ou a inconcebível assinatura de um documento internacional envol-vendo compromissos militares em nome do Ministério da Administração Interna!

Por outro lado, deve haver bas-tante gente no PSD firmemente convencida de que o CDS-PP desbarata quotidianamente excelentes oportunidades para estar calado. Ou é o ministro da Defesa a dizer enormidades colonialistas, ou é o dr. Telmo Correia a perder o elementar bom senso parlamentar ou ainda um tão insensato como significativo comentário sobre os indultos decididos pelo Presidente da República.

O País está de facto a precisar de um novo ano, mas sobretudo de novo governo e nova política.