&quot;A crise&quot;<br />Ruben de Carvalho no &quot;Diário de Notícias&quot;

Globalmente, o Governo PSD-PP anunciou-se declarando o País em crise. Mas os membros do Governo podem ser classificados em três categorias: os que provocam crises, os que agravam crises e os que ignoram crises.

A qualificação não é constante: um ministro pode num momento pertencer a uma categoria e transitar para outra. Depende. Mas, no geral, não governam: são a crise.

Figueiredo Lopes é uma crise, mas é também um agravador. Evidentemente não é respon-sável pelo calor e vento da tragédia dos fogos florestais, mas agravou-a com uma remodelação inexplicável e criminosa dos serviços de bombeiros e protecção civil.

O dr. Paulo Portas é tudo. Ocasionalmente, passa uma semana na terceira categoria, o que, de resto, o deve contrariar imenso. Mas em 24 horas é capaz de desencadear uma crise institucional e agravar uma trafulha compra de pistolas para que não tem dinheiro.

Após uma passagem pelas duas primeiras categorias, o dr. Morais Sarmento foi remetido para a terceira. Espera oportunidades. Nos Negócios Estrangeiros, é uma festa. Pescas em Bruxelas, o «George» nas Lajes com as mentirolas sobre o Iraque, o consulado em Londres feito caso de polícia.

Do seu passado maoísta o dr. Durão Barroso trouxe uma insólita adaptação trotskista: o gabinete de crise permanente.