Quinta-feira marca evidentemente uma viragem no panorama político português: o centro das atenções que oscilava entre a Casa Pia e os seus protagonistas ligados ao PS deslocou-se para uma pública crise de direcção dos socialistas.
Esta evolução justifica três notas.
Primeiro, um reparo ético.
É seguramente difícil que um qualquer militante do PS se sinta motivado pelo vendaval de inconfidências, de recurso a jornais e televisões, de «cartas abertas» que tornam a intervenção partidária uma farsa e a organização uma inutilidade.
O que restar de empenhamento militante dos socialistas é remetido pelos dirigentes para o seguimento de jornais e telejornais.
Pior, é difícil.
Segundo, é incontornável reconhecer lógica na evolução. Com «cabalas», «urdiduras» ou sem elas, se houvesse intencionalidade na fase anterior do filme Casa Pia-PS, evidentemente que visaria este desfecho: levar a crise e a divisão a todos os níveis da direcção socialista. Já está.
Terceiro, os responsáveis do PS enredaram-se na questão Casa Pia e deixaram a política para o PSD; as críticas que agora surgem criticam tal enredar - e deixam a política para o PSD. Nem sugestões, nem contributos.
Em rigor, o mesmo.