Pergunta Escrita de João Ferreira no Parlamento Europeu

Proposta da UE para reclassificação das "zonas desfavorecidas"

Um estudo da Comissão Europeia, desenvolvido no âmbito da reforma da Política Agrícola Comum (pós-2013), propõe um conjunto de “novos critérios” para definir as futuras zonas desfavorecidas intermédias.

A introdução de "novos critérios" físicos juntamente com a exclusão de critérios sócio-económicos, defendida no estudo, a ser concretizada, atendendo à natureza dos critérios sugeridos e à sua manifesta desadequação à situação específica dos países do Sul da Europa, terá como consequência um claro prejuízo destes e um claro benefício dos países do Norte. Esta alteração seria tanto mais grave e inaceitável quanto viria acentuar as desigualdades e injustiças já hoje existentes na repartição das ajudas entre países e produtores atribuídas no âmbito da PAC.

No caso de Portugal, esta alteração agravaria uma situação que se caracteriza pelo crescimento contínuo e alarmante do défice da balança alimentar e da dependência externa, que se situa já acima dos 70%. Pela aplicação dos novos critérios, ficariam excluídas, por uma razão ou por outra, vastas áreas do território português, incluindo o Alentejo, parte do Algarve, de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Beira Interior. A aplicação dos critérios propostos representaria, no actual Quadro Comunitário, uma perda de 189 milhões de euros para o país.

Em face ao exposto, pergunto à Comissão o seguinte:

  1. Não considera que os aspectos sócio-económicos são fundamentais para a classificação de uma “zona desfavorecida”? Nessa medida, não considera pertinente manter os critérios sócio-económicos existentes e considerar a inclusão de novos critérios, como sejam, entre outros: as Unidades de Dimensão Económica por hectar; o PIB per capita; o rendimento por Unidade de Trabalho Familiar; indicadores de desertificação e êxodo rural?
  2. Não considera que os critérios a adoptar deverão garantir uma distribuição justa dos apoios comunitários entre Estados-membros, que garanta o seu direito a produzir e a sua soberania alimentar? Que medidas estão previstas para alcançar estes objectivo?
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