Ao ler o programa legislativo e ouvir a apresentação do trabalho da
Comissão para 2007, apenas podemos concluir que estamos perante mais do
mesmo. Desse mesmo que está a pôr em causa os direitos sociais e
laborais, que está a aumentar a precariedade do trabalho, que está a
retomar velhos processos de exploração, que está a promover a
liberalização dos serviços, incluindo serviços públicos, tornando claro
o que se pretendia com a dita Estratégia de Lisboa.
Em nome da flexibilidade, da criação do mercado interno, da
globalização, estão a destruir-se vínculos contratuais e aumentam as
ameaças de mais deslocalizações de multinacionais, como a GM/Opel da
Azambuja, a Jonsons Controls em Nelas e Portalegre, a Lear em Valongo,
para só referir alguns dos casos mais graves que, neste momento,
ameaçam milhares de trabalhadores portugueses, cujo desemprego é já
muito elevado, depois dos despedimentos nos sectores da têxtil,
vestuário e calçado.
São esses mesmos trabalhadores desempregados que ficam à mercê da
exploração de empresas de trabalho temporário e outro patronato sem
escrúpulos, como os casos recentes, divulgados na comunicação social,
de trabalhadores portugueses com fome, sem salários e sem comida, no
sul da Holanda. É esta a responsabilidade social das empresas?
Em nome da moeda única e da estabilidade dos preços, o BCE impõe
constantes aumentos das taxas de juro e os governantes usam o Pacto de
Estabilidade para pôr em causa as micro e pequenas empresas e criar o
caldo de cultura favorável a esta exploração vergonhosa de
trabalhadores (sejam emigrantes ou imigrantes) e de suas famílias.
O que se impõe, pois, é uma ruptura com estas políticas neoliberais. É
tempo de dar prioridade a políticas de desenvolvimento social e de
bem-estar das populações.
E peço a solidariedade para com estes casos de trabalhadores
portugueses, explorados e com fome, como os casos que acabam de ser
divulgados no sul da Holanda.