Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

O Programa de Trabalho da Comissão para 2012

Se outras razões não houvessem para criticar o que aqui nos veio apresentar o presidente da Comissão - e elas são tantas que jamais caberiam no minuto desta intervenção - bastar-me-ia dizer-lhe: olhe à sua volta.

Olhe para o desastre económico e social. Olhe para os resultados das políticas que aqui nos veio dizer hoje que são para continuar.

As perguntas impõem-se:

- Como justifica a insistência na rigidez de um pacto de estabilidade que já foi chamado de estúpido por quem o antecedeu nesse lugar? Um pacto que em nome da convergência nominal, inviabiliza a convergência real...

- Como justifica que os instrumentos que permitem a especulação sobre as dívidas soberanas permaneçam, na sua essência, intocados?

- Como justifica a recessão, o desemprego, o roubo aos trabalhadores e pensionistas e o esbulho das economias nacionais, que decorrem dos programas de agressão UE-FMI?

- Como justifica a indigência de um orçamento comunitário que faz da coesão letra morta dos tratados?

- Que democracia é esta em que são já os "mercados", essa mirífica entidade, quem afasta e nomeia governos?

Bem sei que pouco adiantará fazer-lhe a si estas perguntas. Sei bem que, cada vez mais, não é de Bruxelas mas de Berlim que vêm as respostas...

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