Se alguém quiser saber como foi possível atingir os actuais níveis de endividamento olhe para a história da beterraba sacarina!
Um bom exemplo das políticas de direita. Aliás, o Projecto do PSD é mais um acto de contrição de pecados antigos. E esperamos que não seja apenas propaganda. Como acabou de fazer ontem a Srª Ministra da Agricultura com o anúncio de 29 milhões de euros para regadio para combater a seca! Investimentos do Proder já previstos, e que só farão efeito daqui a alguns anos! Anúncio para esconder os cortes de mais de 155 milhões no Regadio! 60% nos regadios tradicionais e 40% nos públicos!
Uma política que sem soluções de continuidade, esteve presente durante a ditadura fascista, atravessou o 25 de Abril e chegou aos dias de hoje.
Antes do 25 de Abril não podia existir! Chocava com os interesses dos grupos monopolistas, que exploravam plantações de cana-de-açúcar em Angola e Moçambique e as duas refinarias em Portugal.
Com o 25 de Abril criaram-se condições para uma nova política açucareira. Mas, logo em 1977, o governo PS/Mário Soares determinou a suspensão do projecto de introdução da cultura de beterraba!
Depois, a má negociação da adesão à CEE, fixou a quota mínima e insuficiente de 60 mil toneladas de açúcar branco. Só em 1996, a EU admitiu mais 10 mil toneladas. Dez anos de atraso na indústria, um enorme prejuízo para o País, e 200 milhões de euros para a Tate & Lyle e a RAR).
Mas o mais extraordinário, foi o esforço de governos PSD e PS, para meter as raposas na capoeira, permitindo a sua presença no processo e no capital da nova unidade industrial!
Unidade que teve um apoio do Estado de 50 milhões, num investimento de 80 milhões de euros! Em funcionamento em 1997, foi uma importante vitória da agricultura portuguesa, apesar da produção ser apenas a 20% do consumo nacional.
Mas a história não podia acabar bem.
Em 2006, a União Europeia reabre o debate sobre a OCM do açúcar para reduzir a produção europeia, onde a Alemanha e a França tinham 61%!
E, num golpe de “génio”, o ministro Jaime Silva e o seu governo PS/Sócrates, aceitaram da Comissão Europeia uma redução da quota para 34 mil toneladas, e em 2008 para 15 mil toneladas!
Mil agricultores no Vale do Sorraia (e até no Vale do Mondego) que tinham alcançado elevadas produtividades, bem acima do nível médio da Europa, abandonaram a produção. Portugal voltou a importar ramas. Aumento do défice agro-alimentar! Perdas de subprodutos para a alimentação animal. Só prejuízo!
Tudo justifica a retoma da cultura.
O elevado endividamento externo, onde pesa a contribuição do défice agro-alimentar.
Solos disponíveis com regadio, a que o Alqueva acrescenta uns milhares de hectares.
Nova reforma da PAC, oportunidade para reclamar a correcção do erro de 2006/2007. E tem faltado açúcar na EU!
A soberania alimentar e os interesses da agricultura portuguesa exigem-no.
O PCP, que há décadas se bate pela produção de beterraba sacarina, que foi o único Partido Político que denunciou e reclamou do crime do Governo/PS, considera que o governoPSD/CDS deve avaliar áreas, exigir a quota adequada e medidas para que a Fábrica funcione com beterraba sacarina!