Declaração de voto de Sandra Pereira no Parlamento Europeu

Pela paz e cooperação! Não à escalada de confrontação!

Se dúvidas pudessem existir quanto aos reais propósitos que há décadas têm vindo a ser prosseguidos pela União Europeia relativamente à Bielorrússia, a resolução aprovada no Parlamento Europeu dificilmente poderia ser mais esclarecedora, pois ela constitui um autêntico cardápio de ingerência e desestabilização, que faz tábua rasa dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional.

Entre outros clarificadores aspectos, ela expõe alguns dos elementos presentes em décadas de política de interferência e de desestabilização contra a Bielorrússia, como a instrumentalização e o financiamento de ONGs e de outras estruturas, com vista a promover uma dita «revolução colorida», ou seja, operação de mudança de regime, aliás à semelhança do que se verificou noutros países.

Perante o insucesso da política de interferência e de desestabilização promovida pela UE, o Parlamento apela ao seu agravamento, incluindo através do incremento das sanções procurando punir a Bielorrússia e atingir a sua economia e as condições de vida do seu povo, para além das suas implicações no plano internacional, como é o caso da aplicação de sanções visando a exportação do potássio, usado em fertilizantes em todo o mundo.

Uma resolução que, entre outros gravosos aspectos, reconhece e apela ao apoio financeiro a autoproclamadas «instituições» criadas a partir do estrangeiro e que giza a ambição da realização de «reformas» ao jeito do FMI, que prevêem privatizações dos sectores estratégicos da economia e dos serviços públicos, a abertura ao domínio do capital estrangeiro ou a redução do salário mínimo, entre outras medidas a serem implementadas na Bielorrússia.

Uma resolução que, para além de expressar apoio a organizações paramilitares bielorrussas de natureza fascista, que participam na guerra na Ucrânia, contém um cínico repertório do que representa a aplicação de duplicidade de critérios.

Trata-se de mais uma resolução que se insere na escalada de confrontação e guerra no Leste da Europa, promovida pelos EUA, a NATO e a União Europeia.

A instigação da guerra, a deriva armamentista, a espiral de sanções impostas pelos EUA, a União Europeia e a NATO estão a provocar uma séria deterioração da situação económica e social, com a especulação, o aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade.

Conscientes dos sérios perigos que esta política comporta para os povos da Europa e do mundo, os deputados do PCP no Parlamento Europeu insistem que é urgente que os EUA, a NATO e a União Europeia cessem de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e que se abram vias de negociação com os demais intervenientes, nomeadamente a Federação Russa, visando alcançar uma solução política, a resposta aos problemas de segurança colectiva e do desarmamento na Europa, o cumprimento dos princípios da Carta da ONU e da Acta Final da Conferência de Helsínquia.

A relação da UE com a Bielorrússia deve ser pautada pelo respeito pela sua soberania, independência, no cumprimento dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, respeitando o direito do povo bielorrusso a determinar o seu caminho, livre de ingerências externas.

É necessário defender o diálogo com vista à paz, olhando às causas do conflito, e não instigar e alimentar uma escalada de consequências imprevisíveis, para o que esta resolução, e o caminho que aponta, contribuem.

Os povos querem e precisam de cooperação e de paz, não de mais uma iniciativa que incita à confrontação e à guerra.

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