João Oliveira, membro da Comissão Política do PCP e Presidente do Grupo Parlamentar, anunciou a proposta de criação de uma Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar para apuramento das responsabilidades do Governo e das autoridades de supervisão pela situação no Banco Espírito Santo e do Grupo Espírito Santo.
A precipitação dos acontecimentos e a multiplicação de revelações sobre a gravidade da situação em que se encontram o Banco Espírito Santo (BES) e o Grupos Espírito Santo (GES) exigem uma decidida e rigorosa intervenção para apurar todos os factos que conduziram a esta situação e levar até ao fim a imputação de responsabilidades financeiras e políticas que rodeiam mais um escândalo envolvendo a banca privada.
As audições levada a cabo, em meados de Julho, pela Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública à Ministra das Finanças, ao Governador do Banco de Portugal e ao Presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários não só se revelaram insuficientes como deixaram perceber a dimensão do que foi mantido por revelar quanto à real situação do Grupo Espírito Santo.
Perante as afirmações da Ministra das Finanças, nas referidas audições parlamentares, quanto à dispensabilidade de recurso a fundos públicos para a recapitalização do Banco, perante as omissões do governador do Banco de Portugal, nessas mesmas audições, sobre a real situação no BES e a injecção de liquidez do Banco de Portugal no BES, perante as afirmações proferidas por Marques Guedes admitindo consequências do caso BES na economia nacional, não há outra opção que não a seja a de a Assembleia da República exercer plenamente as suas competências e responsabilidades relativamente a um processo cujo impacto e dimensão não podem ser subestimados, contribuindo para o rigoroso apuramento da situação, dos responsáveis e das consequências do desastre do BES/GES, assim como para garantir que os portugueses não serão chamados, mais uma vez, a pagar os prejuízos da banca privada.