Fica à vista o embuste dos que diziam que o apoio à austeridade eterna institucionalizada no Tratado Orçamental teria como moeda de troca o reforço do orçamento da União Europeia. O enorme logro dos que disseram que o intolerável ataque à democracia e à soberania dos povos que é esse tratado, que é a governação económica e o semestre europeu, teria como contrapartida o reforço do orçamento da UE, a favor do crescimento e do emprego.
O orçamento que nunca garantiu a coesão económica e social; que nunca assegurou a função redistributiva que se impunha, perante uma integração capitalista por natureza assimétrica, geradora de desigualdades e desequilíbrios; este orçamento, que era já um orçamento indigente, será agora diminuído.
As consequências?
Veja-se o caso de Portugal:
Nos próximos sete anos, as transferências da UE serão inferiores ao que o país pagará só em juros e comissões à UE e ao FMI, ao abrigo do chamado memorando de entendimento da troika.
Mas já nos últimos cinco anos, o saldo das transferências da UE foi ultrapassado pela saída de capitais do país (para a UE), sob a forma de juros, lucros e dividendos.
É este o resultado: um país que empobrece à medida que se aprofunda a integração.