Com cerca de trezentos participantes, o almoço-comício na Abrunheira mostrou que é possível reforçar a CDU nos cinco concelhos do Oeste do distrito de Lisboa, assegurando o contributo indispensável para um bom resultado da coligação PCP-PEV nas eleições de 4 de Outubro.
O decurso da pré-campanha e a forma como os militantes e activistas têm sido recebidos pela população, do Cadaval a Mafra, de Torres Vedras à Lourinhã e ao Sobral de Monte Agraço, constituem «a prova de que é possível reforçar a CDU e eleger mais deputados pelo círculo de Lisboa», sendo que «o Oeste tem um contributo a dar» – destacou Ricardo Miguel. O jovem candidato, que representa esta região na lista da coligação, foi o primeiro orador no animado comício que teve lugar no salão da Associação Recreativa, Cultural e Desportiva da Abrunheira da Abrunheira, na freguesia do Ramalhal e concelho de Torres Vedras.
Realçou que «o trabalho da CDU é reconhecido», seja nas autarquias – tanto onde tem maioria, como sucede em todos os órgãos do concelho de Sobral de Monte Agraço, como nas três câmaras e cinco assembleias municipais onde tem representação – seja na Assembleia da República, onde os deputados eleitos na lista da CDU fizeram reflectir o resultado do estreito contacto com os trabalhadores e a população.
Assim foram construídas as propostas que agora a coligação se propõe defender, com tanta força quanta a que resultar do voto popular, e que abarcam problemas que há muito se arrastam, nas áreas da educação, do ambiente, dos transportes, da saúde, dos diversos sectores da economia regional.
Cláudia Madeira, dirigente do Partido Ecologista «Os Verdes» e candidata na lista de Lisboa da CDU, criticou o facto de o ambiente só surgir como prioridade do actual Governo quando pode ser fonte de lucro, tal como sucedeu com os governos que o antecederam realizando a mesma política. Acusando os responsáveis pelo actual estado de coisas de andarem «por aí como se não tivesse nada a ver com isto», lembrou que o PS esteve do lado do PSD e do CDS em tudo o que veio prejudicar a maioria dos portugueses. No Oeste, observou a candidata e dirigente «verde», as PME e as explorações agrícolas enfrentam hoje dificuldades sérias precisamente por causa de tais políticas.
O dia 4 de Outubro pode significar o momento de ruptura, dando mais força a quem defende um futuro mais justo, ambientalmente equilibrado e no respeito pelos valores de Abril, defendeu, lembrando que os «Verdes» e a CDU estiveram sempre do lado certo, com a população e os seus interesses, apresentam trabalho e não apenas palavras, «têm a força e a alegria de quem luta por uma vida melhor» e têm a força do povo.
Jerónimo de Sousa, vivamente aplaudido quando, pouco depois das 13 horas, entrou no salão que já estava praticamente cheio, encerrou as intervenções no comício final. O Secretário-geral do PCP e primeiro candidato da CDU no círculo de Lisboa, começou por dirigir uma especial saudação às muitas pessoas que ali estavam e que não eram do PCP nem do PEV, mas que estão com a coligação «animados por este projecto da CDU».
Salientou que nas eleições legislativas não está em jogo a eleição do Governo nem do primeiro-ministro, mas sim de 230 deputados, podendo o resultado de dia 4 abrir um caminho novo, com o reforço da CDU, aumentando o número de votos e de deputados, para que seja possível encetar uma política diferente e construir uma alternativa patriótica e de esquerda.
Depois de criticar a «farturinha de promessas» do PSD e do CDS, que «querem continuar a mesma política», alertou que a proposta programática do PS tem «muito fortes semelhanças» com a linha dos partidos do Governo. Jerónimo de Sousa recordou, a propósito, que essas semelhanças ficaram à vista no debate televisivo entre Passos Coelho e António Costa, «cada um a sacudir a água do seu capote» pelas consequências das decisões que partilharam no passado e sem se distinguirem, no essencial, na análise dos problemas e nas propostas para o futuro.
«Só se for no futuro», disse o dirigente comunista, sobre a afirmação de que palavra dada é palavra honrada, produzida por António Costa a propósito do que o PS diz neste período pré-eleitoral. Jerónimo de Sousa lembrou que no passado, o PS não concretizou nenhum dos seus objectivos declarados de melhoria das condições de vida da população. Mas alertou também para o futuro inscrito no programa eleitoral do PS, que contém muitas semelhanças com o do PSD/CDS.
A «leitura inteligente» que o líder do PS promete quanto ao Tratado Orçamental é apenas «uma forma de dizer que vai submeter-se» aos ditames do «défice zero» que ele prevê, acusou Jerónimo de Sousa, recordando que «os portugueses têm razões para desconfiar» de declarações deste género.
Após o comício, o convívio prosseguiu com a música de Samuel e Zé Pinho.