O Banco Central Europeu (BCE) pretende inaugurar sua nova sede em Frankfurt: uma autêntica fortaleza composta de duas torres gémeas rodeadas de uma cintura de fossos e cercas.
Todo este conjunto arquitectónico, que custou 1,8 mil milhões de euros, simboliza de forma perfeita a distância que separa a elite financeira das populações. O poder hegemónico da finança, tem finalmente uma representação simbólica à sua real dimensão. O BCE assume hoje poderes incomensuráveis no quadro na EU, condicionando as políticas dos estados membros e assumindo este ano o duplo papel de gestor e supervisor de todos o sistema financeiro.
A construção desta nova sede, com os montantes envolvidos e num momento em que a esmagadora maioria dos cidadãos sofre na pele os impactos das políticas de austeridades impostas precisamente pelo BCE, só pode causar um sentimento de revolta, indignação e desencanto relativamente ao projecto Europeu.
Como representante do povo, eleito deputado no Parlamento Europeu, pergunto qual a origem dos fundos destinados a financiar esta obra faraónica. Pergunto igualmente como pretende explicar aos cidadãos europeus esta disponibilidade de fundos, num quadro onde parece não haver disponibilidade para nada, nem sequer para financiar o orçamento da EU com os seus vários planos de investimentos?