Intervenção de Paulo Raimundo na Assembleia de República, Reunião Plenária

A TAP só correu risco nas três privatizações e recupera o dinheiro todos os dias com os seus lucros

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O governo aprovou a quarta privatização da TAP, uma operação assente nos mesmos argumentos falaciosos que já ouvimos há 30 anos.

“A TAP só se salva se for privatizada” uma afirmação desmentida pela realidade. A TAP só correu risco de desaparecer nas três privatizações de que foi alvo. 

Depois dos processos de 2012/2015 agora, ao que parece, já não é para entregar a TAP a um aventureiro qualquer, um Efremovich ou a um Neeleman sempre prontos a comprar a TAP com o dinheiro da TAP e a sacar o mais possível com as consequências, que ainda hoje todos nós pagamos.

Agora vai ser tudo diferente. 

Abandonaram o desastroso modelo de 2015 para repescar o desastroso modelo de 1998. 

Esse tal modelo de sucesso onde a TAP foi entregue à poderosa Swissair que, curiosamente abriu falência pouco tempo antes de se consumar a operação. 

A TAP foi salva por uma unha negra, mas não se salvaram 250 milhões de euros de prejuízos por essa quase privatização.

“É preciso recuperar o dinheiro investido pelo povo português na TAP”, mais um argumento repetido pelos defensores da privatização.

Os mesmos que estão sempre preocupados com o dinheiro que o estado coloca nas empresas públicas, mas que são sempre compreensíveis com o dinheiro que o Estado entrega aos grupos económicos privados sejam os 16 mil milhões de euros colocados no buraco da banca privada. 

E veremos hoje mesmo, o que vão fazer os sempre preocupados quando se votar mais uma descida do IRC e se decidir que se retira ao Estado 2 mil milhões de euros para os colocar nos cofres dos grupos económicos. 

Mas sobre isso nem uma lagrimazinha, nem um suspiro, nada. 

Seria bom que se evitasse mais um hino à hipocrisia, ainda para mais quando aqui todos sabem, que o valor investido na TAP se recupera todos os dias em que a TAP pública funciona.

Recupera-se com os lucros, recupera-se com os impostos pagos cá, ao contrário de outras empresas tão defendidas e acarinhadas por muitos, que cá, com o esforço dos trabalhadores criam a riqueza, mas cujos impostos são pagos na Holanda e em outros países, recupera-se com o contributo para a Segurança Social portuguesa, recupera-se com o contributo dado à economia com os produtos comprados em Portugal, recupera-se com o emprego e os salários cá pagos. 

A TAP contribui com cerca de 4% para o PIB e é a maior exportadora nacional de serviços e é por valer muito, que os tubarões aí andam com a pressa em lhe por as mãos. 

E vamos ver quem, perante este assalto aos recursos do país, vai traçar a linha vermelha ou se a única coisa vermelha que vai haver é a passadeira que Chega, IL e o PS querem estender ao governo para consumar mais este crime económico e político.

A TAP pode fazer mais e melhor. 

Mas esse caminho que se impõe exige a ruptura com a obsessão em curso de venda a saldo do País e de entrega dos seus recursos.

Da parte do PCP e de muita gente, tudo será feito para travar este processo e defender uma TAP pública e nacional, um activo estratégico para a economia e para coesão territorial, um elemento de soberania e desenvolvimento do país.