Uma saudação à Fiequimetal pela iniciativa desta petição sobre profissões de desgaste rápido, recolocando na ordem do dia um tema da maior importância também para a ordem civilizacional e quanto ao respeito pela dignidade dos trabalhadores.
Quase três séculos depois do início da Revolução Industrial, são inegáveis os gigantescos avanços científicos, técnicos, tecnológicos e organizacionais que têm proporcionado vantagens, em tempo e em quantidade, na produção de bens, mas também na crescente acumulação de capitais e de riqueza que continuam distribuídos de forma profundamente injusta.
Permanece igualmente injusto o peso, sobre os trabalhadores, dos resultados das transformações tecnológicas e organizacionais especialmente dos processos produtivos, traduzidos na brutal intensificação do trabalho que maximiza os lucros, mas acarreta cada vez mais sacrifícios para quem trabalha, com um preocupante cortejo de consequências.
Não obstante os avanços em eficiência e em produtividade das máquinas, centenas de milhares de trabalhadores estão submetidos a ritmos de produção avassaladores, a redobradas exigências de atenção e de destreza no manejo de equipamentos e processos, a regimes de laboração contínua e em trabalho noturno e por turnos que deixam mazelas irreversíveis.
Lesões e doenças músculo-esqueléticas, da visão, auditivas, pulmonares, oncológicas, stress, ansiedade e depressão são exemplos frequentemente apontados e que, na maior parte dos casos, manifestam-se após uma a três décadas de exposição aos fatores de degradação da saúde, que a partir de certa idade tornam insustentável o desempenho dessas atividades, empurrando os trabalhadores para situações de pressão e de incerteza inaceitáveis.
Quando chega à reforma, o trabalhador vai já demasiado doente para a aproveitar com qualidade de vida.
Impõe-se, por isso, a regulação dos horários de trabalho e a garantia de adequados períodos de descanso; a regulamentação de medidas de prevenção e de mitigação da penosidade e do desgaste; a previsão de um regime de bonificação por tempo de serviço para efeitos de reforma; a recolocação dos trabalhadores com doença profissional e o reforço das contribuições da entidade patronal para a Segurança Social.
Trata-se de medidas com as quais o PCP contribui mais uma vez – repito: mais uma vez – para uma mudança que não pode tardar mais.