Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP

Luta dos agricultores: PS, PSD, Chega e IL são todos cúmplices da destruição da agricultura

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Há elementos diferentes, naturalmente elementos diferentes. Mas há um aspecto que une o conjunto dos agricultores que estão por essa Europa fora em manifestação, em justa manifestação. E aquilo que os une é uma coisa chamada Política Agrícola Comum.

Ora, uma Política Agrícola Comum está hoje a ser contestada também em Paris, em Portugal, em Bruxelas onde estão a haver manifestações hoje e onde estão presentes nessas ações os deputados do PCP no Parlamento Europeu. E essa Política Agrícola Comum, com as consequências que teve no nosso país, muito em concreto, tem responsáveis. Tem desde logo a concepção da política mas também tem aqueles que apoiaram e obrigaram a que ela se concretizasse.E aí bem podem vir agora com declarações, com vídeos enviados para as redacções com muita firmeza. Mas são todos responsáveis: PS, PSD e CDS como protagonistas dessa Política Agrícola Comum e Chega a Iniciativa Liberal como apoiantes e portanto, são todos cúmplices, todos cúmplices das 400.000 explorações agrícolas que foram à vida. São todos cúmplices pelo desprezo da agricultura familiar. São todos cúmplices por esta política de abandono da produção nacional e da produção da produção alimentar.

O que os agricultores precisam hoje, e em particular os pequenos e médios agricultores (em todos, mas em particular esse), o que precisam é que o seu rendimento, o fruto das suas produções, aumente. Ora para isto acontecer é preciso desde logo acabar com uma questão central que é com a ditadura da grande distribuição. Porque enquanto não se acabar com a ditadura da grande distribuição, aquilo que aperta os rendimentos aos agricultores, enquanto não se acabar com isto, então o que vai continuar a acontecer é mais explorações encerradas, menos produção alimentar. O que se está a passar hoje é uma luta justa dos agricultores e tem que ser uma justa luta de toda a população, porque primeiro vão os agricultores e depois a seguir vamos nós.

O governo avançou com medidas, com apoios, no fundo, o que o governo avançou foi com a reposição dos cortes que tinha implementado. Ora isso é importante, mas isso não chega. O que é preciso é criar as condições para que os agricultores aumentem os seus rendimentos, nomeadamente fruto do trabalho que têm e com a venda dos seus produtos. Nós estamos perante uma situação em que se está a esmifrar os agricultores, se está a esmifrar os pequenos produtores nos preços de produção. E quando se esmifram os preços dos produtos ao mesmo tempo que sobem todos os custos (as rações, os combustíveis, por aí fora) isto não vai acabar bem. Essa é a primeira questão que é preciso atacar.
 

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