Nota do Gabinete de Imprensa do PCP

PCP exige imediato cancelamento da privatização da EMEF e da CP Carga

PCP exige imediato cancelamento da privatização da EMEF e da CP Carga

É hoje mais que evidente que não existem quaisquer condições para prosseguir a cavalgada privatizadora do Governo. A total desestabilização do sector dos transportes, decorrente da fúria privatizadora do governo, colocou em risco empresas estratégicas para a economia nacional, num processo marcado pela falta de transparência e de gestão danosa dos dinheiros públicos.

O processo da TAP continua a arrastar-se perante a teimosia do governo, num momento em que é já evidente para toda a gente o esquema utilizado para simular que Humberto Pedrosa é o detentor de 51% da Gateway, e quando a sobreposição dos interesses de David Neelman aos interesses nacionais, nomeadamente com a utilização das opções de compra dos Airbus 350, está já a transferir valor para fora da TAP. Recordamos que quando em 1998 o governo de então tentou vender a TAP à Swissair, a falência desta provocou perdas de centenas de milhões de euros à TAP, por via das fusões operacionais que já se haviam dado antes mesmo da venda em si.

No Porto e em Lisboa, o Governo insiste na privatização da exploração comercial do Metro do Porto, STCP, Metro de Lisboa e Carris, ao mesmo tempo que impõe uma desastrosa e ilegal reestruturação, que degradou a resposta operacional destas empresas aos níveis mais baixos de sempre. Um processo onde as mentiras do Governo ficaram já totalmente expostas, com a publicação da portaria que atribui 419 milhões de euros ao subconcessionário da Metro do Porto e com anúncio do próprio «vencedor» em Lisboa de que conta receber 1045 milhões de euros. Um processo que conta ainda com a oposição das autarquias da área metropolitana de Lisboa e do Porto, dos utentes e dos trabalhadores.

A decisão do Conselho de Ministros de passar à fase de negociação com os putativos «compradores» da EMEF (um) e da CP Carga (três), num momento em que é por demais evidente o carácter criminoso destas opções, nomeadamente depois do Tribunal de Contas ter recusado o visto a 364 milhões de euros de contratos entre a EMEF e a CP que o Governo mandou celebrar atabalhoadamente e quando a decisão de oferecer as locomotivas da CP ao «comprador» da CP Carga levantou uma justa indignação.

Este processo em que o Governo mergulhou a ferrovia, já atrasou em mais de dois anos a reparação de meio de vida dos Alfa-Pendulares, com prejuízos económicos e financeiros e para a fiabilidade e segurança da operação ferroviária, ameaçando paralizar toda a operação. As sucessivas e milionárias contratações de propaganda da CP e da Infraestruturas de Portugal, num esforço que se manterá até à realização das eleições, não iludem a realidade operacional e financeira da ferrovia que se degrada aceleradamente por culpa das opções do Governo e da política de direita que também nesta matéria contam com o silêncio cúmplice do PS.

O PCP exige o imediato cancelamento do processo de privatização da EMEF e da CP Carga, bem como dos restantes processos de privatização em curso, e reafirma a necessidade de inverter o caminho de pulverização e destruição da ferrovia, rumo a uma empresa ferroviária reunificada, nacional e pública, no quadro de um investimento na ferrovia que se impõe.

O PCP saúda a luta dos trabalhadores contra os processos em curso de destruição dos transportes públicos, nomeadamente a luta do próximo dia 15 dos trabalhadores da Carris e do Metropolitano de Lisboa e destaca a corajosa acção em defesa da ferrovia e do aparelho produtivo nacional desenvolvida pelos trabalhadores da EMEF e da CP Carga, que no próximo dia 16 irão levar a cabo uma nova jornada de luta.

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