Intervenção

Intervenção de abertura da 7ª Assembleia de Organização Regional de Évora, João Pauzinho

Áudio

Camaradas

Estamos a iniciar o último dia nossa 7ª Assembleia Regional. Quando em Março a DOREV decidiu da sua realização pretendíamos ter mais espaço para o debate e para a reflexão.

Não fizemos, portanto, todo o debate que precisávamos. Mas, ainda assim, desde esse momento até hoje, realizámos Assembleias de Organização Concelhias, de Freguesias e também de sectores, estando mais um conjunto delas programadas até ao final do ano mas ainda assim insuficientes para as necessidades da intervenção partidária.

E, desde a reunião da DOREV que aprovou os documentos que hoje aqui vamos debater e, esperamos, aprovar, realizámos mais de 50 reuniões e plenários em todos os concelhos e sectores, com vista ao seu debate e à eleição dos delegados a esta Assembleia.
E a Resolução Política que hoje aqui debatemos é já substancialmente diferente dos primeiros esboços que a Comissão de Redacção analisou.
Damos importância ao trabalho colectivo. Damos importância à opinião do camarada que não fez propostas concretas, mas manifestou dúvidas, assinalou insuficiências, acrescentou uma ou outra ideia.

Podemos dizer, sim, que este é o último dia da Assembleia.

Chegamos aqui completamente satisfeitos? Seguramente que não.

Mas a verdade é que preparámos a Assembleia ao ritmo das exigências do tempo presente.

Preparámos a Assembleia a denunciar o número de desempregados que todos os dias crescem no distrito. Um numero muito acima da média nacional.
E dizêmo-lo sabendo quem são os responsáveis pelo desemprego e quais são as suas consequências.

Os responsáveis encontramo-los nos gabinetes dos Ministros do PS, do PSD e do CDS.

Os responsáveis são os Governadores Civis que ignoram os avisos que sucessivamente fomos fazendo.

Os responsáveis é o patronato retrógrado que sempre viu nos salários baixos a saída para a acumulação de algum lucro imediato.

As consequências sentem-se todos os dias, em freguesias deprimidas, com os jovens a arrastar-se sem perspectivas, com populações inteiras sem saber o que fazer.
É por isso que no nosso projecto afirmamos o desemprego como o principal problema do distrito.

Preparámos a Assembleia ao ritmo da denúncia dos atropelos aos direitos de quem trabalha.

De denúncia dos abusos e atropelos aos direitos de quem trabalha na TYCO e na KEMET;

de denuncia dos muitos trabalhadores que neste mês de Outubro continuam por receber o subsidio de férias e muitos todas as horas extraordinárias de todo o ano de 2010,

de denuncia dos trabalhadores das autarquias que vêm as suas carreiras e salários desvalorizados, designadamente nas autarquias de maioria do PS e dos ditos independentes, por as respectivas autarquias não assumirem a opção gestionária.

Preparámos a Assembleia ao ritmo da resistência às medidas que o Governo PS tomou relativamente ao encerramento de Escolas em todo o país e no nosso distrito em particular,

de resistência à tentativa de encerramento dos serviços de atendimento permanente e extensões de saúde num conjunto de concelhos do nosso distrito.

Preparámos a Assembleia, de facto, com muita e diversificada iniciativa política, dando resposta à brutal ofensiva do PS sobre os trabalhadores e o povo. Ofensiva que, não sendo nova, se agravou com o pretexto da crise.

Mas o que se espera de um Partido Comunista digno desse nome? Que resista, que resista e avance na medida das suas forças. Que responda à letra, eventualmente até acima das suas forças.

E os últimos anos, camaradas, são caracterizados por essa resposta que, apesar de precisarmos que fosse mais longe, tem exigido de todos nós um significativo esforço, no limite das nossas forças (a titulo de exemplo os múltiplos actos eleitorais os quais conseguimos dar resposta com avanços e recuos).

Mas foi essa resposta que impediu piores retrocessos e que conquistou vitórias. Foi a acção dos trabalhadores, organizados e mobilizados, em primeiro lugar pela CGTP-IN, pela União de Sindicatos de Évora, e pelo conjunto dos Sindicatos do Movimento Sindical Unitário, que daqui saudamos, mas também pelos movimentos de utentes, pela Inter-Jovem e pelo movimento juvenil.

Quem não se lembra da marcha e vigílias de protesto pela saúde em Vendas Novas das quais o povo saiu vitorioso,

da vigília e do protesto em Montemor em defesa do seu SAP e da onde também a população saiu vitoriosa,

de em torno da defesa do direito à saúde as populações do Redondo e de Viana do Alentejo terem realizado concentrações e mais recentemente as populações do Alandroal e Arraiolos se manifestaram contra o encerramento do SAP nos seus concelhos.

Quem não se lembra da luta da população de Mora que de uma forma digna e com uma unidade e mobilização impressionantes saíram vitoriosos e disseram não às pretensões do Governo PS, afirmando que em Mora mandam os Morenses.

Quem não se lembra das muitas concentrações realizadas por todo o distrito em defesa da escola publica e contra o encerramento de escolas, e permitam-me aqui que destaque as acções levadas a cabo no concelho de Borba e também a resistência e tenacidade da população de Santana do Campo que de uma forma digna lutou e vai continuar a lutar pelo não encerramento da escola na sua aldeia.

Quem não se lembra da luta que os trabalhadores da KEMET levaram a cabo em defesa dos seus direitos laborais, luta essa que continua e que terá expressão com a adesão à Greve Geral do próximo dia 24 de Novembro por parte destes mesmos trabalhadores.

A todos os que disseram basta, a todos os que resistiram, a todos os que lutaram, daqui o nosso fraternal e solidário abraço. A todos poderemos dizer: a luta continua.

Continua já no próximo dia 6 de Novembro, na grandiosa Manifestação Nacional convocada pela Frente Comum dos Sindicatos da Administração Pública, para Lisboa.

E continuará na Greve-Geral de 24 de Novembro. Esta Assembleia tem que constituir um solene compromisso de que, daqui até dia 24 Novembro os comunistas do distrito de Évora, tal como fizeram em muitos outros momentos, se vão empenhar no sentido de fazer desta Greve-Geral, uma Greve onde se expresse de uma forma mais elevada o protesto e a denuncia de quem trabalha e vive do seu trabalho.

É isto que compete a um Partido Comunista digno desse nome!

Camaradas

Como apontam os nossos documentos, a situação nacional é muito difícil e exigente. O anúncio de novas medidas incluídas no PEC III e no Orçamento de Estado para 2011, que mais não visam que acentuar a exploração, só confirma esta análise.

Para lhe responder precisamos de mais Partido.

A opção que tomámos foi de propor à discussão no Partido um documento autónomo, que os camaradas têm nas vossas pastas, “8 Propostas do PCP para o Distrito de Évora”.
Cabe a esta Assembleia avaliar o ponto em que estamos e quais as medidas a considerar para o futuro.

A 6ª Assembleia, há quatro anos atrás, afirmava que “é preciso e fundamental dar mais atenção ao trabalho de Organização do Partido”. E prosseguia apontando que “este período deve ser destinado à concretização das conclusões do XVII Congresso do Partido, reforço do Partido ligado à iniciativa política e à mobilização popular contra a politica de direita.”

Creio podermos dizer, estamos mais fortes!
Temos hoje mais organizações a funcionar. Realizamos Assembleias de Organização Concelhias em todas as Organizações Concelhias, avançamos em muitas comissões de freguesia e comissões locais na sua estruturação.

Criamos um conjunto de células de trabalhadores ao nível das Câmaras Municipais do nosso distrito.

Avançamos para a criação de células de sectores profissionais. Temos hoje mais quadros responsabilizados.

Ao nível do recrutamento só no ano de 2010 e ainda estamos só em Outubro e já recrutamos mais 85 novos camaradas.

Coloca-se de novo a pergunta. Estamos satisfeitos?
Há ainda muito a fazer, camaradas.

Ao nível da formação ideológica, onde estamos muito aquém das necessidades;

ao nível da difusão da Imprensa do Partido, onde precisamos de dar um novo salto;

ao nível da distribuição da entrega do cartão e da cobrança de quotas onde estamos ainda muito atrasados;

ao nível da integração de todos os novos recrutamentos;

ao nível do trabalho financeiro, que tem sérias debilidades;

ao nível do funcionamento regular dos organismos em toda a estrutura do Partido; ao nível da responsabilização de quadros;

ao nível da criação e funcionamento dos sectores de empresa e local de trabalho que, uma vez criados, precisam de ter vida própria e intervenção política sistemática.

Os comunistas portugueses, e também no distrito de Évora, sabem que é com a suas próprias forças que têm que contar em todos os momentos. E é portanto indispensável dedicar boa parte do nosso trabalho revolucionário ao reforço da Organização do Partido, tarefa para a qual se apontam algumas linhas, no documento em apreciação:

Alargar a organização do Partido nas empresas e- locais de trabalho... atribuindo-lhe a prioridade que este trabalho exige. Prioridade que advém de sermos e de querermos continuar a ser o PCP, Partido classe operária e de todos os trabalhadores.

Alargar a capacidade de- direcção do Partido... responsabilizando mais quadros, garantindo-lhes o acompanhamento e formação necessárias. Não basta eleger camaradas para os organismos de direcção. É necessário depois dar-lhes tarefas e ajudá-los a desenvolvê-las.

Avançar na... dinamização da vida política..., de forma a- que as organizações estejam em melhores condições para dar resposta às tarefas... A Organização não serve para ter e para mostrar. Serve para intervir e para ajudar a mudar o mundo.
Alargar a militância e a iniciativa dos- militantes... Só com a compreensão do papel essencial que têm os membros do Partido e da assunção dessa qualidade em todos os momentos será possível avançar, ligar mais o Partido às massas, aumentar a nossa influência.

São estes, pois camaradas, os objectivos genéricos que assumiremos hoje.

Camaradas
Aos comunistas do distrito de Évora estão colocados desafios fundamentais.
Desde logo, o de não desistir de lutar pela nossa terra. Nós afirmamos que este rumo não é uma fatalidade. É possível outro rumo e outro caminho. O desenvolvimento do Distrito depende da concretização de uma política alternativa, assente na ruptura e na mudança com os caminhos que vêm sendo seguidos e que, baseada na dinamização dos sectores produtivos, seja geradora de emprego, respeitadora dos direitos laborais e dos direitos sociais da generalidade da população, bem como do meio ambiente.

Mas também o desafio de crescer e avançar.
Num tempo profundamente marcado pela ofensiva agressiva do capitalismo, que pode levar à sua militarização e a novos ataques às liberdades e à democracia; num tempo em que o capital agonizante procura novas fugas para a frente acentuando a exploração; quando nos acenam com apelos para a resignação e para o conformismo; nós cá estamos para a afirmar:
Um PCP mais forte é possível. E isso significa uma vida melhor para os trabalhadores e para o povo do distrito de Évora. E significa também uma região com futuro.

E temos confiança que o futuro da nossa terra será o socialismo, o comunismo.

Viva a 7ª Assembleia da Organização Regional de Évora do PCP
Viva a Juventude Comunista Portuguesa
Viva o Partido Comunista Português