PCP denuncia proposta demagógica e perigosa do CDS

Áudio

Bernardino Soares, da Comissão Política do CC do PCP
A proposta do CDS-PP relativa à eliminação em 2010 de um dos subsídios (de Natal ou de férias) dos titulares de cargos políticos e de altos cargos públicos (Presidente da República, membros do Governo, Deputados, eleitos locais, etc.) é demagógica, populista e perigosa.

Trata-se de uma proposta vinda de um partido que, na oposição e no governo, apoiou e apoia todas as medidas anti-sociais e o escandaloso processo de concentração da riqueza nas últimas décadas. Trata-se de uma proposta que pretendendo fazer de conta que muda alguma coisa, procura garantir que a política de direita vá ainda mais longe na liquidação de direitos do conjunto dos trabalhadores.

A proposta tem, no concreto, dois objectivos imediatos.

Abrir, a pretexto de que os “políticos” já deram o “exemplo”, um perigoso caminho para justificar a extensão aos trabalhadores e aos reformados de cortes dos seus salários e subsídios. A exemplo do que já está a ocorrer noutros países, como a Grécia, o que se prepara é, em nome da crise, desencadear uma nova ofensiva contra os rendimentos de quem trabalha.

Branquear a cumplicidade do CDS-PP com favorecimentos  e privilégios dos grupos económicos e financeiros, que se pretende que se mantenham e aumentem (os lucros anunciados pela PT, de mais de 600 milhões de euros, crescendo mais de 19% em relação a 2008 são disso um bom exemplo) e ao mesmo tempo ocultar que existe uma política verdadeiramente alternativa como a que propõe o PCP, que incorpora a valorização dos salários dos trabalhadores e a efectiva tributação do grande capital.

Para o PCP, esta é uma proposta populista porque com ela o CDS-PP visa cavalgar sentimentos de injustiça, que existem entre os trabalhadores e as populações, e canalizá-los, não para a exigência de uma justa repartição da riqueza, mas para uma rejeição generalizada e sem diferenciação dos políticos e dos partidos, que limpe as responsabilidades daqueles que, como o próprio CDS-PP, têm estado no governo a praticar a política de direita. 

E é uma proposta demagógica porque o partido que propõe esta medida é o mesmo que está de acordo que se mantenham os benefícios fiscais do off-shore da Madeira, a baixa taxa de tributação da banca, ou a não tributação das mais-valias bolsistas, disfarçando assim o seu alinhamento e apoio a uma política que contribui para a cada vez maior concentração da riqueza.

O PCP, que ao contrário do comprometimento do CDS, sempre se opôs à existência de privilégios para os titulares de cargos políticos e sempre denunciou as promiscuidades e as insuficientes regras de incompatibilidade, não participa em campanhas que, visando a generalização da ideia de que os políticos são todos iguais, mais não visam do que isentar de responsabilidades aqueles que, com as suas políticas no governo e na Assembleia da República, levaram o país à crise a que chegou.

Combatendo a demagogia, o populismo e o perigoso caminho daqueles que aspiram a uma nova ofensiva contra os direitos dos trabalhadores, o PCP reafirma que tal como propôs para o actual Orçamento de Estado continuará a defender as medidas que, essas sim, poderão introduzir maior justiça na distribuição da riqueza e dar resposta aos problemas do país.

  • Trabalhadores
  • Central