Intervenção de Paulo Raimundo, Secretário-Geral, Sessão Pública «É hora de mudar de política»

«Não contem com o PCP para semear ilusões nem muito menos para branquear a política de direita»

Aqui estamos, desta forma determinada e confiante para enfrentar, com a alegria que nos caracteriza, os desafios que temos pela frente, aproveitando todas as oportunidades que se abrem para intervir e conquistar a vida melhor a que todos temos direito.

E aí está uma dessas oportunidades com as eleições a 10 de Março, uma oportunidade que está aberta aos trabalhadores, aos reformados, ao povo, uma oportunidade que é tão importante que os do costume aí estão a tentar abrir o caminho da mentira, da mistificação e das ilusões, aí estão todas e cada uma das armadilhas.

Mas não há ilusões vindas do PS, não há tentativas de limpeza de imagem do PSD e do CDS, e dos que na altura lá estavam e que agora se passaram para a IL e o Chega, esses todos que em conjunto carregam ao peito a medalha de ouro do corte das reformas e das pensões. Não há sondagens, por muitas que sejam, e nada disto pode e vai alterar a realidade.

E a realidade é aquela que a população aqui da Vidigueira e do distrito de Beja conhecem por experiência própria.

É a CDU que cá está, é a CDU que nunca faltou nem faltará, é a CDU que merece e vai ter a confiança desta gente de trabalho e desta terra de trabalho.

E é porque é justa a valorização da acção do PCP e da CDU e o trabalho do João Dias. 

O nosso, o vosso, o deputado desta população do distrito de Beja e que ainda anteontem, para nossa grande satisfação, foi anunciado primeiro candidato da CDU por Beja. 

Um deputado que o povo deste distrito conhece bem.

Conhece pelas intervenções na Assembleia da República, mas acima de tudo conhece pelo contacto com a realidade.

As populações conhecem as suas visitas, contactos, participação constante ao lado da luta das populações, a qualidade das propostas que levou à Assembleia, a persistência na resolução dos principais problemas do distrito.

Um deputado e agora primeiro candidato da lista da CDU, a força que conta para mudar, a força que quando cresce e se reforça faz a vida de cada um melhorar e andar para a frente e isto o povo daqui também o sabe bem por vida vivida. 

É assim por todo o País e assim é de forma evidente numa região onde é a intervenção do PCP e da CDU que marca a diferença, faz acontecer e nunca desiste de lutar pelo povo alentejano. 

É assim na defesa do direito à saúde enfrentando o desinvestimento, a falta de profissionais, os problemas de funcionamento de hospitais, centros e extensões de saúde em vários concelhos, de que Aljustrel, Serpa e Mértola são exemplos. 

Uma situação que tem levado à justa luta das populações, essa luta que daqui saudamos nas muitas acções que se têm realizado e nas milhares de pessoas que subscreveram a petição que está a decorrer em defesa do SNS. 

O PCP esteve lá ao lado das populações, a CDU esteve e está lá também com os seus autarcas, o João Dias lá esteve e está.

Não perdemos um minuto que seja na luta pelo acesso e defesa do direito à saúde. 

E perante esta realidade do SNS aqui no distrito, onde andam os outros? As outras forças, os outros deputados? Onde estão os autarcas do PS? 

Não andam, ou melhor, andam certamente por aí, mas longe deste problema.

Aquando das eleições é só promessas.

Não esquecemos a promessa da construção da segunda fase do Hospital de Beja, mais uma levada pelo vento, mais uma promessa adiada.

Mas também não só não esquecemos como sentimos os efeitos de anos e anos de adiamento do IP8, parado com a troika e que o Governo PS se recusou a retomar.

Não esquecemos e não permitiremos que se esqueça a hipocrisia dos que enchem a boca com a ferrovia, mas que deixam há décadas o povo deste distrito à espera de linhas férreas capazes de responder às necessidades e desenvolver a região, essa mesma hipocrisia que mantém o Aeroporto de Beja subaproveitado, ajoelhando o País e a região aos interesses da Vinci.

Mas como aí estão as eleições, esses mesmos que tais voltarão com a chuva de promessas e proclamações de boas intenções com afirmações ocas de que agora é que é.

A propaganda pode ser muita e forte, mas, ao contrário do que gostariam alguns, o povo não tem memória curta, e muito menos os alentejanos.

Sabem quem esteve e está com eles todos os dias e quem esteve ausente.

Sentem nas suas vidas, na regressão demográfica ou na seca, os impactos das políticas de PS e PSD, com ou sem o CDS, e que Chega e IL querem acentuar.

O caminho não é o de continuar a dar hectares e hectares para as culturas intensivas e promover autênticas chagas sociais com a exploração do trabalho imigrante, afastando as populações das localidades e esgotando os solos e a água. 

O caminho não pode ser o de investir unicamente na exportação de azeite, amêndoa ou frutos vermelhos, um negócio dominado por capital estrangeiro. 

O caminho necessário, o caminho que precisamos é o que desenvolva a agricultura, que crie emprego com direitos, que respeite o ambiente e preserve os solos, promova a diversificação de culturas e garanta a soberania alimentar.

Um caminho que, de uma vez por todas, ponha fim à inexplicável situação de os campos do Alentejo estarem a exportar azeite para todo o mundo, ao mesmo tempo que o povo português o está a pagar a peso de ouro e a importar a maior parte dos cereais que comemos.

Só uma opção de fazer ajoelhar a região e o País perante os interesses económicos, justifica a situação com que nos confrontamos.

Veja-se, 3 milhões de trabalhadores que recebem até mil euros brutos por mês, 72% dos reformados com pensões abaixo dos 500 euros, tudo isto enquanto os 5% mais ricos concentram 42% da riqueza e os grupos económicos amealham 25 milhões de euros por dia.

Há aqui qualquer coisa que não bate certo, há aqui qualquer coisa que não está bem.

Mas se aqui chegámos, não foi por nenhuma maldição divina.

O sujeito tem nome e tem responsáveis.

Onde andaram PS, PSD, Chega, IL e CDS quando se tratou de responder à injustiça e à emergência de aumentar salários e pensões?

Onde estavam e com quem estavam quando se tratou de garantir que ao fim de 40 anos de descontos a reforma deveria e deve ser por inteiro, sem penalização?

É isto que também está em jogo nas eleições.

Onde estavam? Quem eram e o que aprovaram ou rejeitaram?

Da nossa parte, da parte do PCP e da CDU, estivemos em todos e cada um destes combates, ao lado de quem trabalha, ao lado de quem trabalhou uma vida inteira, ao lado de quem cá vive e trabalha, muitos deles em condições indignas.

Não ignoramos os problemas complexos que aí estão, mas não admitimos e nem aceitamos as situações de quase escravidão que afectam muitos trabalhadores imigrantes.

Trabalhadores sujeitos ao que o capitalismo impõe a todos os que trabalham, ou seja a exploração. Nestes casos ainda em condições acrescidas para a levar ao extremo. 

A direita reaccionária aponta o dedo aos imigrantes e não fosse a acção e intervenção dos municípios CDU na região, indo muito para além daquilo que são as suas responsabilidades, e a situação social e demográfica seria ainda pior.

Para nós não há trabalhadores de primeira nem de segunda.

Não ignoramos essa realidade presente bem viva no nosso País das centenas de milhares de portugueses forçados a emigrar em busca de uma vida e um futuro melhor.  

As condições de vida e os direitos que queremos ver garantidos para os nossos são os mesmos que devemos exigir que se garantam aos que procuram o nosso País. 

A direita reaccionária aponta o dedo aos imigrantes e responsabiliza-os por todos os males, e assim o faz apenas para desviar a atenção dos que lucram com esta situação.

Essas forças reaccionárias, das quais o PS mas não só se alimenta e alimenta, dando-lhes força e espaço mediático.

Esse PS que, por sua única opção, alinha com a política, essa política de tanto agrado dos grupos económicos e que PSD, CDS, Chega, IL e CDS pretendem aprofundar. 

Não contem com o PCP para semear ilusões nem muito menos para branquear a política de direita.

Bem podem esforçar-se por pintar um novo PS, um novo ciclo político, do agora é que é ou agora é que vai ser, mas a verdade é que são cada vez menos os que estão disponíveis para mais uma vez serem enganados, independentemente do resultado da votação em curso no PS.

Aqui deixamos o relato do que vai acontecer amanhã.

O PS elege um líder, segue-se a festa, depois quem perde agradece, valoriza o acto democrático e, depois de várias considerações vazias, presta homenagem ao novo líder. De seguida, os que perdem unem-se aos que venceram, todos juntos tentam passar uma esponja no passado e iniciar uma nova narrativa e daí à ilusão, à chuva de promessas e à chamada eleição para Primeiro-Ministro é um saltinho. 

O guião, mais coisa menos coisa, vai ser este, lá está fugindo às questões e opções de fundo. O que vai prevalecer, como sempre, é a garantia dos interesses dos grupos económicos e a submissão a Bruxelas.

Uma garantia dada pelas opções de fundo do PS a que não faltam nunca PSD, Chega, IL e CDS.

Não vamos alimentar este guião.

Este filme não serve os trabalhadores, não serve o povo, não serve os alentejanos.

Este esperado guião, só revela o quanto é preciso e urgente dar força ao PCP e à CDU.

O distrito de Beja vai, mas é que vai mesmo eleger o deputado da CDU, vai eleger o João Dias.

Mas mais que isso, vamos dar um sinal muito forte de apoio à CDU, a única força com que os alentejanos contam.

Vamos eleger, vamos ter mais votos e mais percentagem.

E assim será porque o voto de cada um que enfrenta dificuldades em aceder ou garantir a habitação, o voto desses para quem há sempre mês a mais para o salário ou a reforma que tem, o dos que estão desesperados, zangados, se sentem justamente traídos, o voto desses e de cada um vale tanto como o voto de qualquer accionista ou dono dos bancos, mas pode valer ainda mais se não for colocado no mesmo saco dos que se acham donos disto tudo, desses que quanto mais nos apertam mais se enchem.

Com empenho, determinação, confiança e alegria, não abdicaremos de um único contacto, de uma única conversa, de um único debate, com amigos, familiares, colegas, utentes, por muito distantes que possam parecer.

Não pouparemos nenhum esforço, nenhum minuto nem nenhuma conversa e esclarecimento.

Vamos para a frente com confiança e de cara levantada, com essa cara levantada de quem sempre soube e sabe que o que serve os povos é a paz e não a guerra, essa paz que queremos para os povos de todo o mundo e neste particular para o povo palestiniano, esse povo que está a ser massacrado.

Com alegria e confiança, não abdicando de uma única conversa, de um único contacto, de uma única troca de ideias, franca, fraterna, com quem pode achar que discorda muito de nós, com quem pode achar que não vai votar CDU no próximo dia 10 de Março, mas que com o nosso esclarecimento vai chegar à conclusão que afinal pode ser mais o que nos une do que aquilo que nos separa.

Viva a CDU!
Viva a JCP!
Viva o PCP!