Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

A melhoria do impacto da cooperação para o desenvolvimento da UE

Há uma questão central neste debate, que é, diga-se, muito pertinente: a da coerência.

Ou melhor dizendo, a da incoerência entre os proclamados objectivos da "ajuda ao desenvolvimento" e as políticas e acções concretas aplicadas na prática.

Por um lado, reconhece-se a importância da agricultura, da indústria, dos recursos endógenos, da capacitação e da transferência de conhecimento, como factores essenciais de emancipação, de promoção do desenvolvimento livre e autónomo dos países menos desenvolvidos.

Por outro lado, continua-se a defender a desregulação e liberalização do comércio mundial e do sistema financeiro, que desviam recursos destes países, comprometem possibilidades de desenvolvimento e agravam a sua dependência e subjugação.

Reconhece-se a importância dos sistemas públicos de ensino e de saúde no combate à pobreza; mas na prática, colocam-nos sob a imensa pressão dos programas de ajustamento estrutural (à maneira do FMI) que desmantelam estes e outros serviços públicos essenciais.

Os direitos de propriedade continuam muitas vezes a ter prevalência sobre o interesse público e a saúde de populações inteiras.

A chamada "diplomacia das matérias-primas" encobre indisfarçáveis visões neocolonialistas.

São apenas alguns exemplos desta gritante incoerência.

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