Artigo de Ruben de Carvalho no «Diário de Notícias»

«Maioria»

A sondagem ontem divulgada pelo DN sobre a opinião dos portugueses quanto à crise do Iraque tem três aspectos que interessa sublinhar.

Primeiro, corresponde, na coerência entre as respostas, aos padrões tidos como credibilizantes deste tipo de inquéritos.

Não se verificam as discrepâncias ou contradições que frequentemente tornam duvidoso que exista uma clara noção e conhecimento por parte dos inquiridos sobre os assuntos sobre que se pronunciam.

Segundo, do conjunto das respostas é completamente legítimo concluir que a esmagadora maioria (em cifras sempre superiores aos 65 por cento) se manifesta simultaneamente pela ausência de razões para desencadear uma guerra contra o Iraque e _ o que é igualmente importante _ a favor de manter a decisão do problema no quadro da ONU e recusando qualquer legitimidade para uma acção unilateral dos EUA.

Isto é, exactamente o contrário da posição do Governo português.

Finalmente, verifica-se que esta opinião coincide com a apurada na Europa e em geral no mundo, incluindo, muito significativamente, os próprios Estados Unidos.

Em tal facto reside seguramente a maior esperança de defesa da paz.

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