A linha da Beira Baixa foi recentemente objecto de um plano de modernização da infra-estrutura até à cidade da Covilhã o que representou um investimento de 350 milhões de euros.
O investimento efetuado prometia ganhos consideráveis em termos de conforto e tempo de viagem.
Por notícias vindas a público no passado dia 11 de Outubro a CP informa a linha da Beira baixa irá ter um novo modelo de exploração que passa pela alteração da composição dos comboios.
Com efeito, desde 15 de Outubro que o serviço de ligação entre Lisboa e a Covilhã passou a ser feito por automotoras eléctricas, supostamente, mantendo o mesmo nível de serviço das composições a gasóleo anteriormente em operação.
O que se verifica é que o nível do serviço, actualmente, oferecido está muito aquém daquele que anteriormente se verificava com claro prejuízo para os utentes.
De facto as automotoras que a CP colocou no serviço inter-cidades Lisboa – Covilhã têm mais de 30 anos, oriundas dos serviços suburbanos da Linha de Sintra, um nível de conforto em nada comparável às anteriores composições, para além da velocidade média da ligação ter descido
de 160 km/h para 120 Km/h, sem qualquer vocação para o serviço dedicado que é o Intercidades, o que tem provocado a diminuição na procura deste serviço em benefício da ligação por autocarro que regista um aumento na procura na ordem dos 30%.
Esta medida da CP é tanto mais gravosa para mobilidade das populações do Distrito de Castelo Branco na medida em que o governo já anunciou o início do pagamento de portagens na A23, sem qualquer alternativa rodoviária credível.
Acresce que, a CP acabou, em 29 de fevereiro, com o serviço de autocarros alternativos que asseguravam a ligação entre a Guarda e a Covilhã desde 2009, altura em que o último troço da linha da beira baixa foi encerrado para dar início às obras de modernização da infraestrutura.
Esta decisão da CP é tanto mais estranha na medida em que o contrato com a empresa que assegurava o transporte alternativo sé terminaria no final do corrente ano, porquanto a justificação avançada pela CP prende-se com a perspetiva de não reposição da ligação ferroviária, no curto prazo, razão pela qual a CP entende-se não ter obrigação de assegurar a ligação por transportes alternativos.
O que se verifica é que, desde que o atual Governo tomou posse, muito mudou, para pior, em termos de transportes nesta região. As ligações ferroviárias foram suprimidas, as que se mantêm vão sendo desvalorizadas, o IC6 e o IC 31 não passam de miragens, a introdução de portagens na A23 e a consequente diminuição do trafego rodoviário naquela via têm contribuem para a degradação, muito significativa, da mobilidade das populações do Distrito de Castelo Branco.
O governo parece decidido a condenar as populações do distrito de Castelo Branco aos níveis de mobilidade da década de setenta do século passado sempre com a justificação, cada vez mais gasta, da crise e do memorando de entendimento com a troika.
Nestes termos, ao abrigo das disposições regimentais aplicáveis, vem a deputada Hortense Martins, eleita pelo Circulo Eleitoral de Castelo Branco, solicitar a Sua Excelência o Sr. Ministro da Economia e do Emprego, resposta às seguintes questões?
1 – Entende o Governo, com a actual oferta, estarem reunidos os requisitos mínimos exigíveis ao serviço Inter-cidades em termos de conforto, tempo de percurso e comodidade?
2 – Qual o estudo que sustenta a afirmação da CP de redução de custos na ordem dos 1,5 Milhões de euros, com a eletrificação da linha?
3 – Quais os motivos e fundamentação técnica que sustentam a decisão da CP de terminar com o serviço, em autocarros, que asseguravam a ligação entre a Guarda e a Covilhã?
4 – Em que termos e em que condições foi rescindido o contrato entre a CP e o prestador do serviço em autocarros alternativos?
5 – Qual a perspetiva temporal para a reativação do troço ferroviário entre a Guarda e a Covilhã?