Jovens e professores exigem emprego com direitos!

Ampliar o protesto e mobilizar o máximo de trabalhadores, jovens, reformados e pensionistas para o protesto nacional convocado pela CGTP-IN para 1 de Outubro foi o compromisso assumido nas acções de protesto que decorreram hoje, em várias capitais de distrito, promovidas pela Interjovem/CGTP-IN e a Fenprof.

Em Lisboa, jovens trabalhadores e docentes do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa concentraram-se no Largo de Camões, no âmbito do protesto nacional descentralizado que pretendeu reclamar trabalho com direitos para as actuais e as futuras gerações.

Salientando as limitações provocadas pelo dia e a hora da acção que impossibilitaram a participação de muitos jovens que estão com esta luta, o dirigente da Interjovem/CGTP-IN, João Barreiros, lembrou os «horários desregulados e as jornadas de trabalho cada vez mais longas, facilitadas pela política de direita deste e do anterior Governo», como «factores desmobilizadores da participação em acções que contam com o apoio da maioria dos jovens e dos professores deste País», considerou.

«Esta luta está a crescer e não pode parar», salientou, garantindo que a organização juvenil da central sindical de classe tudo fará, até 1 de Outubro, para sensibilizar a juventude e toda a população a uma forte participação na jornada nacional de luta, convocada pela CGTP-IN para esse dia.
No dia 23, a a Assembleia da República, uma «Petição contra a precariedade», iniciativa da Interjovem onde 20 mil trabalhadores «reclamam o fim da falsa precariedade e dos falsos recibos verdes, para que deixem de ocorrer situações em que se trabalha seis meses e é-se despedido para que venha outro para o seu lugar desempenhar exactamente as mesmas funções» esclareceu João Barreiros.
Para 1 de Outubro, a Interjovem anunciou uma concentração no Saldanha, em Lisboa, a partir das 14.30 horas, de onde partirão em manifestação, convergindo todo o protesto para a acção da CGTP-IN. Semelhante acção será concretizada, no Porto, pelos jovens da CGTP-IN da região.

Demonstrando a força do apoio generalizado dos jovens trabalhadores a esta luta, a Interjovem entregou, no Ministério da Economia e Emprego, um abaixo-assinado firmado em três mil postais, recolhidos em apenas duas semanas, nos locais de trabalho, só na região de Lisboa, «provando que os jovens repudiam as medidas que estão a ser adoptadas por este Governo», considerou João Barreiros.
No documento subscrito é reclamada a retirada da «lei que vem facilitar ainda mais os despedimentos, reduzindo brutalmente o valor das indemnizações, fazendo dos trabalhadores um joguete na mão do patrão, porque  recusamos a precariedade imposta a trabalhadores que exercem funções de trabalho permanente, e que os falsos recibos verdes continuem a proliferar junto a juventude trabalhadora». Esses contratos devem converter-se em contratos efectivos, reclama a Interjovem nos postais, repudiando simultaneamente o anunciado «"regime de contrato único", que discrimina os jovens e pretende generalizar a precariedade nas empresas».

Um máximo de 8 horas de trabalho diárias e de 40 semanais de trabalho, e o cumprimento do acordo firmado em sede de «Concertação Social», que obriga ao aumento do Salário Mínimo Nacional para 500 euros, e que devia estar a vigorar desde 1 de Janeiro, «compensando os trabalhadores pelo roubo» perpetuado até agora, são reclamações que constam dos mesmos postais e salientadas pelo representante sindical. Outra das principais reivindicações constantes e entregues no Ministério é a exigência de uma aposta «na produção nacional, de forma a criar emprego com direitos», para possibilitar «uma mais justa distribuição da riqueza, valorizando quem produz».

Professores indignados mobilizam-se

Muitos dos docentes que não foram colocados no início do ano lectivo marcaram presença em todas as acções de luta deste dia. Fazendo parte dos mais de 37 mil desempregados desde o início do ano lectivo, estão, agora, ainda mais preocupados, desde o anúncio, feito esta manhã, pelo o Ministério da Educação. O MEI pretende passar a contratar professores mensalmente para o   exercício de funções durante todo o ano lectivo. «Trata-se de uma medida ilegal e injusta», considerou, em declarações à imprensa, logo pela manhã, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, e, nesta concentração, o dirigente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, Manuel Grilo.

Lembrando como a Fenprof sempre se bateu e baterá «por um ensino público com qualidade, que só quadros que não estejam a prazo podem garantir», o dirigente do SPGL reclamou o direito à vinculação de todos os docentes, terminando a sua intervenção com um apelo ao empenho de todos para que a jornada de luta da CGTP-IN, de 1 de Outubro, «seja uma forte resposta de repúdio da política seguida por este Governo».

Um apoio imprescindível

Manifestando a solidariedade comunista com esta justa luta dos jovens trabalhadores e dos professores, o deputado Miguel Tiago salientou, intervindo na acção, que a sua presença pretendeu ser «um apoio do Grupo Parlamentar do PCP a todas as acções que estão a decorrer nas principais cidades do País, por trabalho com direitos para jovens e professores».

Na Assembleia da República, o Partido apresentará, na próxima semana, «três diplomas legislativos em defesa da escola pública, reclamando o vínculo para todos os professores e garantindo a sua integração na carreira», recordou, considerando que «não podemos continuar a aceitar que milhares de professores continuem a ser afectados desta forma, anualmente, com a agravante de, agora, pretenderem contrata-los mensalmente». Sobre esta matéria, o Governo foi esta manhã confrontado com uma pergunta da bancada do PCP, «onde lembrámos a impossibilidade de se fazerem contratos mensais para o desempenho de funções que sabemos irem durar um ano, com o único objectivo de retirar estabilidade e direitos aos docentes», acusou Miguel Tiago.

Com aquela medida, também serão drasticamente reduzidas as indemnizações no fim dos contratos, alertou o deputado, denunciando a «estratégia propositada do Governo, de colocar professores tarde nas escolas para lhes pagar menos um mês de salário», concluiu, salientando a importância destas acções como forte contributos para o sucesso da luta da CGTP-IN, no próximo dia 1 de Outubro, «contra uma política que, no essencial, visa destruir o Estado e os serviços públicos, fazendo tábua-raza da Constituição da República».

Durante a acção e além do deputado do PCP, também intervieram em solidariedade com os jovens e os docentes, o dirigente da União dos Sindicatos de Lisboa, Fernando Ambrioso e Luís Dias, pelo Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa. Várias moções de apoio e solidariedade de sindicatos da CGTP-IN foram chegando à concentração, durante esta acção de protesto e de luta.

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