Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-Geral do PCP

Inauguração da exposição comemorativa do centenário do Partido

Inauguração da exposição comemorativa do centenário do Partido

Dando continuidade às comemorações do centenário do Partido Comunista Português, inauguramos hoje, aqui em Almada, uma importante exposição sobre os 100 anos de existência e luta deste Partido ao serviço da classe operária, dos trabalhadores, do povo e da pátria, pela democracia e o socialismo, dando destaque a alguns elementos e momentos históricos deste Partido com uma determinante intervenção na história de Portugal, da luta dos trabalhadores e do povo português ao longo do século XX e nas duas primeiras décadas já decorridas do século XXI.

Fazemo-lo no âmbito de um programa que se desenvolve e que vai ter um momento particularmente importante no comício de 6 de Março de 2021, dia do centenário, no Campo Pequeno, em Lisboa. Comício de grande significado político na afirmação do ideal e do projecto comunistas, na valorização dos 100 anos de vida e luta do PCP, no alargamento do seu prestígio e influência política e social e no reforço da sua organização e intervenção na actualidade e projecção no futuro. Na defesa e conquista de direitos, na luta pela ruptura com a política de direita e por uma alternativa patriótica e de esquerda, parte integrante de uma democracia avançada vinculada aos valores de Abril, na luta de sempre pelos seus objectivos supremos, o socialismo e o comunismo.

Fazemo-lo no momento em que acabámos de realizar o XXI Congresso do PCP sob o lema «Organizar, lutar, avançar – Democracia e Socialismo». Um Congresso que foi uma poderosa demonstração de unidade, coragem, combatividade, determinação e confiança na acção transformadora dos que, como o PCP, lutam por melhores condições de vida, por um Portugal desenvolvido, soberano e de progresso social.

Valorizando o Congresso como notável realização deste grande colectivo partidário, cá estamos como sempre, reforçando a nossa organização não para nos voltarmos para dentro, como alguns pretenderiam, mas para, mais fortes, determinados e confiantes pelo grande êxito deste Congresso, darmos corpo à luta de todos os dias no combate à exploração, pela defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo, para tornar a vida melhor.

Cá estamos a apelar aos democratas e patriotas que convirjam com o PCP na luta e, em unidade com este Partido, ajudem a construir um Portugal com futuro;

Cá estamos a estimular e a contribuir para a unidade, organização e luta dos trabalhadores, em torno das suas reivindicações concretas, com particular destaque para o aumento geral dos salários (incluindo o aumento do Salário Mínimo Nacional para os 850 euros) e para a revogação das normas gravosas da legislação laboral;

Cá estamos em defesa dos interesses dos micro, pequenos e médios empresários (incluindo naturalmente os da área da restauração que, em muitos casos, se vêem hoje confrontados com a ruína) também eles cada vez mais esmagados pelo rolo compressor do grande capital e a política que o serve;

Cá estamos em defesa dos profissionais das artes e da cultura, afogados num mar de problemas e a viver uma situação dramática;

Cá estamos a defender o investimento público, os serviços públicos e as funções sociais do Estado, travando o combate em defesa e pelo reforço do Serviço Nacional de Saúde como o fizemos na batalha que travámos no âmbito do Orçamento do Estado para 2021;

Cá estamos para dinamizar uma forte campanha para as eleições presidenciais em torno da candidatura de João Ferreira, apelando a que a apoiem todos os que se sentem injustiçados, todos os que se preocupam com o rumo político que Portugal prossegue de crescente submissão às imposições da União Europeia, do euro e do grande capital;

Cá estamos para prosseguir as comemorações do Centenário deste Partido, que em cem anos de intervenção nunca virou a cara à luta pela superação dos problemas, pela conquista da liberdade, pela democracia e o socialismo, no fundo, os três grandes valores que dão corpo ao nosso projecto de futuro;

Cá estamos para lembrar que este Partido, criado no dia 6 de Março de 1921, foi obra da classe operária portuguesa, sob o impacto internacional da Revolução de Outubro;

Cá estamos para lembrar que, ao longo destes 100 anos de vida do PCP, não há nenhuma transformação social, nenhum avanço ou conquista dos trabalhadores e do povo português a que não esteja directa ou indirectamente associada a iniciativa, a luta, a acção e a intervenção do PCP.

Por isso mesmo, a exposição que o Partido Comunista Português hoje aqui inaugura, mais do que do passado, nos fala e mostra o futuro, nos dá notícia dos valores que são a essência de uma acção, de uma concepção e de um projecto que responde aos interesses fundamentais e às aspirações mais profundas da classe operária e de todos os trabalhadores, dos pequenos e médios agricultores, dos intelectuais e quadros técnicos, dos micro, pequenos e médios empresários, da juventude, das mulheres, dos reformados, dos idosos, das pessoas com deficiência, de todos os homens e mulheres progressistas.

São comemorações em que afirmamos o PCP como o Partido da luta contra o fascismo, pela liberdade e a democracia, o Partido da luta contra o colonialismo e as guerras coloniais, pelo direito à independência das colónias portuguesas; o Partido da Revolução de Abril, das suas conquistas e avanços e da resistência à contra-revolução; o Partido da luta em defesa da independência e soberania nacionais; o Partido da solidariedade internacionalista, da paz, amizade e cooperação com todos os povos; o Partido da luta pela satisfação das mais urgentes e sentidas reivindicações dos trabalhadores e das populações; o Partido da luta pela ruptura com a política de direita e por uma política alternativa patriótica e de esquerda, parte integrante da luta por uma democracia avançada inspirada nos valores de Abril, o Partido da luta pelo socialismo e o comunismo.

E sobretudo afirmamos que o PCP é um Partido preparado para prosseguir a luta, sejam quais forem as circunstâncias em que tenha que intervir, e assumir todas as responsabilidades que o povo lhe queira confiar, com inabalável confiança no futuro.

Afirmamos a validade e actualidade do marxismo-leninismo, teoria revolucionária, materialista dialéctica, por natureza antidogmática e contrária à revisão oportunista dos seus princípios e conceitos fundamentais, que nasce da vida e à vida responde, base teórica do PCP, para cujo enriquecimento criativo o Partido, e em particular Álvaro Cunhal, deram um destacado contributo, pela sua intervenção e experiências próprias e pela experiência do movimento comunista e revolucionário mundial.

Afirmamos a profunda identificação do Partido com os interesses nacionais, defendendo intransigentemente a soberania e independência do País, expressa na dimensão patriótica da sua acção de sempre. Acção que é inseparável das suas firmes posições internacionalistas e anti-imperialistas, da sua contribuição para o reforço do movimento comunista e revolucionário internacional e assumindo os princípios do internacionalismo proletário e a solidariedade activa com as forças progressistas e revolucionárias e com os povos em luta em todo o mundo.

Afirmamos a identificação do PCP com os sonhos, as reivindicações e aspirações juvenis, os seus ideais de liberdade, justiça, paz, solidariedade e fraternidade, e que fazem do PCP o Partido da juventude. Realidade que se expressa, sempre com a juventude e o movimento juvenil, na actividade das organizações de jovens comunistas ao longo da sua história, hoje protagonizada pela JCP - Juventude Comunista Portuguesa.

Afirmamos a luta decidida do PCP contra a ofensiva ideológica em curso, contra o anticomunismo e as concepções reaccionárias.

Com as comemorações do seu Centenário, o PCP afirma e projecta os valores de Abril, os objectivos de luta pela liberdade, a democracia, o progresso social, a independência nacional e a paz – o ideal e o projecto comunistas.

Nestas comemorações, reafirmamos o PCP como protagonista do projecto de emancipação social e de superação revolucionária do capitalismo.

Convidamo-vos a visitar a exposição que hoje aqui inauguramos, a conhecer este Partido e o seu percurso de 100 anos de vida e luta ao serviço dos trabalhadores, do povo e da pátria pela democracia e o socialismo, e a passar palavra, informar, esclarecer, combater preconceitos, calúnias e mentiras que os centros ideológicos do grande capital todos os dias dirigem contra o PCP; a mobilizar muitos outros democratas e patriotas a visitar esta exposição e a participarem nas muitas iniciativas que integram estas comemorações, desde logo para o lançamento no próximo mês de Janeiro do livro «100 anos de luta ao serviço do povo e da pátria pela democracia e o socialismo», a participar nos debates, encontros e muitas outras iniciativas com que o PCP comemora os 100 anos da sua intervenção a construir futuro – um futuro liberto da exploração do homem pelo homem, realizando as aspirações e o sonho milenar de todos os explorados e oprimidos.