Três mil pessoas em Viana do Castelo contra os despedimentos nos Estaleiros

Impressionante manifestação em defesa do emprego

A manifestação contra o despedimento anunciado de 380 dos 720 trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, realizada esta manhã nas ruas da cidade, envolveu 3 000 pessoas, entre trabalhadores, reformados e população vianense, preocupada com o futuro da empresa, verdadeira âncora do desenvolvimento daquela região.

Os despedimentos foram anunciados na semana passada pelo administrador da empresa (entretanto demissionário) incluídos no chamado «Plano de Viabilização e Reestruturação dos ENVC», aprovado pelo governo do PS quando já se encontrava demissionário.

Os manifestantes, reunidos na Praça da República, aprovaram uma resolução exigindo a suspensão dos despedimentos. O PCP fez-se representar na manifestação, com uma delegação encabeçada pelo Secretário-geral Jerónimo de Sousa, numa expressão da solidariedade de sempre dos comunistas para com aqueles trabalhadores e da sua determinação em defenderem uma empresa estratégica para o desenvolvimento do País.

O PCP, que logo no dia a seguir a ter sido anunciado o despedimento esteve junto dos Estaleiros apelando à unidade e luta dos trabalhadores, considera que esta medida tem como objectivo «emagrecer a estrutura dos ENVC para daqui a uns meses darem a machadada final com a sua privatização, que aliás está contemplada no acordo do PS, PSD e CDS com a troika». No comunicado então distribuído, como no projecto de resolução entregue na AR recomendando a suspensão imediata do despedimento colectivo, o PCP alerta para as consequências de uma possível privatização da empresa: seria entregar «de mão beijada aos grandes interesses do capital estrangeiro os contratos já firmados com a Marinha Portuguesa e com outras entidades no valor de 500 milhões de euros» e a sua transformação numa «unidade sem capacidade própria, apenas dependente de encomendas pontuais de terceiros em busca de recursos humanos desqualificados ou precários ou, em alternativa, criar condições para passar a dar resposta a encomendas projectadas por terceiros com o recurso quase exclusivo e sempre ocasional de empresas externas».

Uma vez privatizada, o País perderia o controlo sobre o único estaleiro nacional com capacidade de projecto, equipado com a mais alta tecnologia e com operários e quadros técnicos altamente especializados. Uma empresa que poderia servir para fomentar o desenvolvimento de outros sectores da economia.
Também a CGTP-IN, a Fiequimetal e muitas outras estruturas sindicais prestaram a sua solidariedade aos operários e técnicos dos ENVC.

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