Intervenção de Sandra Pereira no Parlamento Europeu

O impacto da guerra contra a Ucrânia nas mulheres

Começo por destacar o papel das mulheres na defesa da Paz, exigindo o fim de uma guerra que não devia ter começado, através de uma solução política do conflito com o objectivo de um cessar-fogo imediato, que a escalada de confrontação não propicia.

Entre os diferentes tipos de violência a que as mulheres estão sujeitas, está a violência em contexto de guerra. Em qualquer guerra.
Nesse contexto, as violências somam-se: as mulheres e as raparigas correm mais riscos de violência sexual e de exploração; de cair em redes de tráfico de seres humanos e, posteriormente, serem vítimas de prostituição e de outras violências. 
Importa, pois, minimizar o sofrimento das mulheres que fogem da guerra, assegurando: o combate às múltiplas discriminações (seja de raça, etnia, orientação sexual, idade ou barreiras linguísticas); transporte seguro e rotas seguras; habitação digna no país de acolhimento; o direito à saúde, incluindo o acesso a direitos sexuais e reprodutivos; direitos sociais e laborais, condições de trabalho dignas, garantindo que não sejam vítimas de exploração laboral e que não seja feito, a esse pretexto, o caminho para atacar direitos laborais e sociais consagrados - e, neste ponto, a resolução que hoje votamos poderia e deveria ter ido mais longe.

Também no que aos meios financeiros diz respeito, a resolução fica aquém do desejado, amarrando apoios ao Acordo de associação e às políticas neoliberais nele inscritos. É necessário que para as necessárias medidas de apoio ao acolhimento dos refugiados se prevejam recursos adicionais da UE, sem retirar verbas aos fundos estruturais, que não esticam e são já hoje insuficientes para outras respostas necessárias.

Por último, queremos expressar a nossa solidariedade às mulheres ucranianas e saudar a mobilização que o seu sofrimento e a sua luta geraram nas instituições europeias. Que essa mobilização solidária seja alargada a todas as mulheres que sofrem o mesmo drama, na Palestina, no Afeganistão, na Síria, na Líbia ou em qualquer outra região do mundo assolada por uma guerra.

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