Através de uma reportagem televisiva do Canal público de televisão (Jornal da Tarde emitido a partir do Centro de Produção do Norte da RTP), ficou a saber-se que a fábrica da multinacional alemã ENERCON, situada ao lado dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e do porto de mar
da cidade, está a utilizar outros portos – designadamente o porto de Leixões – para exportar as torres eólicas.
A razão para esta opção da ENERCON é absolutamente inacreditável. Há cerca de três anos que um guindaste (K7), propriedade dos Estaleiros Navais de viana do Castelo (ENVC) e situado no seu cais de embarque, utilizado para aí proceder ao carregamento dos navios com as torres eólicas da ENERCON, está avariado!
Por causa desta avaria, a ENERCON passou a utilizar preferencialmente o porto de Leixões, alugando guindastes e fazendo transportar de mais de 60 quilómetros os seus componentes de elevada dimensão, ou fazendo-os carregar, atravessar o Rio Lima e, na margem sul do Rio Lima, exportá-los do País a partir do cais do porto de Viana aí situado.
De acordo com declarações de responsáveis da ENERCON, esta empresa terá estabelecido em Julho de 2012 um acordo com a Administração dos ENVC para que o guindaste K7 fosse reparado, prontificando-se a adiantar os meios financeiros necessários a efetuar essa reparação.
Ainda segundo os responsáveis da ENERCON, não obstante esse acordo com a Administração dos ENVC prever que a situação estivesse ultrapassada em Agosto de 2012, a verdade é que nada se alterou e o guindaste permanece avariado até agora.
Com esta dificuldade acrescida e desnecessária, não é de estranhar que a ENERCON – 1400 trabalhadores com cinco unidades fabris, 200 milhões de euros de exportações no ano de 2012 – esteja a invocar custos e prejuízos inesperados e consequente perda de competitividade.
O que fica descrito corresponde a uma situação tão inacreditável quanto inaceitável. Que, a confirmar-se – e várias fontes contactadas pelo PCP a confirmam – mostra à evidência, não apenas a insensibilidade como a incompetência dos atuais responsáveis da administração dos ENVC.
Perante o insólito do que fica descrito, solicita-se ao Governo, ao abrigo das disposições regimentais e constitucionais aplicáveis, que, por intermédio do Ministério da Economia e Emprego, responda às seguintes perguntas urgentes:
1.Tem esse Ministério a noção de que o guindaste dos ENVC que servia as exportações dos componentes da ENERCON está inoperacional e avariado há cerca de três anos?
2.E tem esse Ministério a noção de que, por causa da avaria deste guindaste, a ENERCON passou a exportar as suas pás eólicas a partir de Leixões e/ou do cais da margem sul do rio Lima?
3.E tem esse Ministério a noção de que a ENERCON está a invocar prejuízos e custos acrescidos, e perda de competitividade por causa desta situação? E que tal argumentação pode ser eventualmente usada para justificar diminuição da atividade da empresa com consequências socais?
4.O que pensa o Governo fazer e quando para que o guindaste seja reparado e para que a ENERCON retome a exportação das torres eólicas a partir do cais dos ENVC?
Pergunta ao Governo N.º 1171/XII/2
Guindaste avariado e exportações da ENERCON
