Intervenção de Alfredo Maia na Assembleia de República, Reunião Plenária

O Governo retirou à Assembleia da República a possibilidade de acompanhar as alterações à resiliência operacional digital do setor financeiro

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A proposta de Lei em discussão altera oito diplomas legais fundamentais da “arquitetura” do sistema financeiro nacional de especial complexidade e com implicações diretas num sector estratégico do qual depende toda a economia nacional. 

Alguns destes diplomas foram já alterados neste ano e um deles até recentemente, em setembro. 

Sobre matéria de tal importância, o Governo decidiu – mal – não consultar o Banco de Portugal, a ASF, a CMVM e o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.

Ao recorrer, mais uma vez, ao pedido de concessão de “Processo de Urgência”, o Governo retira à Assembleia da República a possibilidade de fazer um trabalho de especialidade cuidado e informado. 

Afinal, é àquelas entidades que caberá a supervisão e o acompanhamento visado pela PPL, mas o certo é que a Assembleia não conhece os seus Pareceres.

O único Parecer que acompanha a Proposta de Lei é o do Centro Nacional de Cibersegurança. 

Esta manifesta insuficiência de suporte deveria ser suficiente para esta Assembleia recusar tratar este assunto de forma apressada. 

Entre outros, sobressai o alerta para a falta de clarificação quanto às competências nacionais no tema crítico da cibersegurança e a falta de articulação com a restante legislação, que, não sendo boa, é a que está em vigor, mas que o Governo deliberadamente desconsiderou. 

Estão em causa matérias de segurança do Estado, dos cidadãos e de instituições públicas e privadas portuguesas, pelo que não se compreende nem é aceitável que subsistam dúvidas sobre matéria de competências.

Também não se compreende que a proteção dos dados e a segurança das redes e dos sistemas de informação do sistema financeiro fique nas mãos e presa pelos critérios e obrigações das entidades supranacionais. 

Num momento em que se avolumam os casos de fraude ou de tentativa de fraude, de burla, de tentativas de intrusão nas redes e nos sistemas de informação da banca e dos seguros e de outros sectores económicos críticos, é fundamental que o País e as autoridades competentes disponham dos meios tecnológicos e jurídicos necessários à prevenção e à intervenção atempada em defesa dos cidadãos. 

O risco de uma nova crise financeira de dimensões e repercussões incalculáveis é real e exige prudência e segurança na elaboração das disposições legais que regem o sistema financeiro, para que não aconteçam novas “limpezas” de bancos e para que banqueiros não fiquem com o dinheiro dos contribuintes. 

 

 

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