Declaração de Paulo Raimundo, Secretário-Geral do PCP, Contacto com utentes do Centro de Saúde de Quinta da Lomba

O Governo PS está a desmantelar o SNS

O Governo PS está a desmantelar o SNS

Nós temos aqui esta fila imensa de gente, como podemos ver. 49 senhas para consulta. Os que se safarem safam, os que não se safarem amanhã voltam outra vez à quatro, cinco, seis da manhã, para voltarem a outra consulta. Quer dizer, não há... Não vale a pena... Este é o mundo real. Esta é a realidade do dia a dia, não é aquelas conversas pomposas que assistimos nesta ou naquela entrevista de televisão.

20.000 utentes sem médico de família. 25% do total da população aqui do concelho do Barreiro. E o problema não é só não haver médico de família e haver dificuldades. O problema é que o caminho que se está a trilhar é um caminho para acentuar estas dificuldades, porque não se consegue resolver tudo de um dia para o outro, mas pode-se abrir caminhos para resolver este problema.

Mas o que está a ser feito é o contrário. É para desmantelar. Não vale a pena estarmos a enrolar. O caminho que está a ser feito, a decisão que está a ser feita é permitir que estas pessoas cheguem aqui todos os dias à meia-noite e meia, à meia-noite, às onze da noite às quatro da manhã. Continuam aqui à espera, hoje o dia está bom, mas podia estar a chover.

Podia estar um temporal que estavam aqui à mesma há espera, sem médicos de família. E é isso que governo não está a dar resposta. Ou melhor, está a dar uma resposta ao contrário. É pegar em 40% do orçamento da saúde e transferi-lo para o sector privado. 6.000.000€ dos nossos bolsos para o sector privado, esse é que é o caminho... e as pessoas aqui à espera. E mais não basta só esta situação como estamos aqui a ver que é válida em qualquer centro de saúde pelo país fora.

Como é que todas aquelas medidas que foram chamadas de pontuais, da rotatividade das urgências por aí fora, tudo aquilo que foi apresentado como pontual, logo, como nós dissemos, a intenção fundamental é manter isso como um padrão de funcionamento. Ora não se pode aceitar uma coisa dessas. Infelizmente, a realidade é esta, mas a realidade é para mudar. Portanto, há forças, há vontade e nós não vamos desistir deste nosso contacto, desta nossa acção. E também de mobilizar as pessoas para exigirem aquilo que têm direito, que é o SNS. De ter resposta aos seus problemas. Ora a resposta aos seus problemas não pode ser obrigar alguém a vir à meia-noite e meia para uma fila, ainda por cima de canadianas.