Intervenção de João Ferreira no Parlamento Europeu

O futuro do apoio orçamental da UE aos países em desenvolvimento

Há um ponto de partida essencial neste debate - que, por vezes, alguns esquecem ou se esforçam por ocultar:

Desde há décadas, há séculos, que as relações entre os chamados países industrializados e os países ditos em desenvolvimento se fundam no comércio desigual, na dependência e no subdesenvolvimento destes últimos, encarados como pontos de abastecimento de matérias-primas e de mão-de-obra barata.

As relações centro-periferia, próprias do sistema capitalista vigente à escala global, são intrinsecamente injustas e desiguais.

Este tipo de relações é hoje mantido pelas políticas impostas por instituições como a OMC ou o FMI, com os seus programas de ajustamento estrutural. E através de instrumentos como a asfixiante dívida externa e o seu serviço.

É tudo isto que deve ser questionado e profundamente alterado. É por tudo isto que a política de ajuda ao desenvolvimento não deve ser encarada como um acto de caridade dos mais ricos para com os mais pobres, mas sim uma necessidade ditada por critérios de elementar justiça.

O relatório, que contém aspectos positivos mas que não está isento de contradições, passa ao lado destas e de outras questões essenciais.

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