Como temos afirmado, é necessária uma inflexão na relação entre a UE e os países ACP, relação esta hoje enquadrada pelo Acordo de Cotonu. Não é esta a visão subjacente a este relatório, bem pelo contrário. Quando se exigia uma abordagem mais profunda e crítica relativamente às relações de dependência e de subordinação a que os países ACP se têm encontrado sujeitos e ao papel das políticas da UE no estabelecimento dessas relações, o relatório cauciona, quanto ao essencial, o rumo seguido nos últimos anos. Quando se exigia uma crítica aos chamados Acordos de Parceria Económica (APE), impostos pela UE, e às consequências da sua implementação, os APE não são criticados nem escrutinados, pelo contrário, são vistos como o instrumento que deve enquadrar as relações entre a UE e os países ACP, porque supostamente promotores do crescimento e do desenvolvimento. Quando se exigia um novo quadro de cooperação, genuinamente capaz de promover o desenvolvimento soberano dos países ACP, o relatório ignora essa necessidade, não aborda problemas candentes como o da exploração e expropriação ilegal de recursos naturais por interesses estrangeiros nos países ACP, ignora a vontade, opinião e participação dos países ACP, dando maior relevância à afirmação (explícita ou implícita) dos interesses geoestratégicos da UE. Votámos contra.